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Haitianos no Rio Grande do Sul enviam parte do salário para parentes

02/05/13 15h52
Marcos Chagas
Brasilieia (Acre) - Um grupo de 21 haitianos, homens e mulheres, embarca com destino à capital do Acre, de onde seguirão para Belo Horizonte, para trabalhar

Brasília – Os imigrantes haitianos contratados por empresas do Rio Grande do Sul têm o hábito de reservar parte do salário para enviar aos parentes que ficaram no país. Desde 2012, quando intensificou a entrada irregular desses imigrantes no Brasil, pela fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia, por volta de 400 deles foram contratados por empresas gaúchas.

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O levantamento é da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A assessora de Relações Internacionais da comissão, Sandra Vial, disse à Agência Brasil que, em geral, os imigrantes enviam mensalmente US$ 100 (cerca de R$ 200) por mês às famílias.

“Agora, nós estamos trabalhando aqui para conseguir que eles possam enviar o dinheiro aos familiares no Haiti livres do pagamento de taxas. Qualquer US$ 5 [cerca de R$10] é muito dinheiro para eles”, ressaltou Sandra Vial. Ela destacou que a comissão, desde junho do ano passado, não recebe denúncia de violação de direitos humanos praticada por empresários gaúchos.

O perfil dos haitianos aponta que alguns têm formação profissional - como médicos, advogados e engenheiros. Para a assessora da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, a imigração “em massa” tem causado danos irreparáveis ao Haiti. “A única saída é pressionar as Nações Unidas para que priorize a reconstrução do país, destruído pelo terremoto de 2012”, ponderou Sandra Vial.

A Indústria e Comércio de Massas Romena, em Gravataí (RS), tem 30 haitianos no quadro de pessoal. A responsável pelo setor de Recursos Humanos da empresa, Raquel Hubner, disse que 21 foram contratados em 2012 e os demais chegaram por conta própria. A maioria trabalha no transporte de mercadorias, e dez mulheres atuam na cozinha. “Eles são dedicados e não faltam”, observou a funcionária da empresa alimentícia. A indústria está investindo em aulas de português, a pedido dos próprios haitianos.

Para Raquel Hubner, ainda existe resistência, por desconhecimento, por parte das empresas na hora de contratar os haitianos. Em março, ela disse que a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina enviou uma comissão à fábrica para conhecer o trabalho dos imigrantes e buscar informações sobre o desempenho deles.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, disse à Agência Brasil que o “desafio” enfrentado, agora pelo estado e pela força-tarefa do governo federal que está em Brasileia, é justamente acelerar o processo de contratação dos imigrantes que estão prontos para trabalhar no país. Segundo ele, 800 haitianos estão em Brasileia preparados para ingressarem no mercado de trabalho.

Edição: Carolina Pimentel

 

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