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Violência obstétrica: o que é e como reagir?

07/04/14 09h34
Bruna Ramos

A violência obstétrica pode ser caracterizada por diversas medidas durante o pré-natal, parto e pós-parto. Muitas delas, passam despercebidas pelas gestantes, que não enxergam a verdadeira privação a que estão sendo submetidas. Desde a peregrinação por hospitais, ao impedimento de um acompanhante e intervenções desnecessárias, há uma violação à autonomia da mulher.

Para discutir o tema, o Portal EBC organizou um bate-papo virtual com a presença de especialistas e uma mãe que passou por duas cesáreas antes de conseguir ter o tão esperado parto normal. Assista o debate abaixo:

Creative Commons - CC BY 3.0 -

Os debatedores abordaram o caso de Adelir, grávida que foi obrigada pela justiça a fazer uma cesariana, no Rio Grande do Sul. Para a mãe Ana Esperança, a situação foi lamentável:“A decisão judicial privilegiou uns direitos em detrimento de outros". Já Daphne Rattner, médica e integrante da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna) acredita que o choque sobre o caso, considerado por ela como violência inaceitável, pode ajudar os profissionais a refletirem e mudarem esse cenário. “Nenhuma mulher merece viver violência em nenhum momento, muito menos quando ela está fazendo algo tão sublime quanto trazer mais um brasileirinho para nosso país”, defende.

Para o médico Olímpio Moraes, um grande ponto a ser discutido é o modelo de assistência obstétrica no país. “A mulher brasileira não tem direito a escolher a via de parto.  Se ela for ao SUS, ela é obrigada a parir normal, mesmo que ela peça cesárea. E se ela tem um convênio, ela termina sendo levada a uma cesárea”, define. Segundo ele, nos países desenvolvidos, a gestante faz acompanhamento pré-natal em uma clínica especializada e, no momento de parir, será recebida por uma equipe plantonista no hospital. “Não existe essa de 'meu obstetra'”, pontua.

Na luta contra a violência obstétrica, que vem ganhando cada vez mais visibilidade no país, Daphne explica que as mulheres devem passar por três etapas: 1) reconhecerem que existe a violência obstétrica; 2) possam dizer que aquilo que viveram foi violência; 3)  digam “não quero isso nunca mais para mim”. O processo garante o empoderamento da mulher sobre seu corpo e seu momento e garante, cada vez mais, sua possibilidade de escolha.

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