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Projetos sustentáveis de alunos do ensino médio são mostrados em São Paulo

17/03/15 19h09
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil

Quem for à Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), terá a oportunidade de conhecer mais de 330 projetos científicos desenvolvidos por 746 estudantes pré-universitários de todo o país. A entrada é franca e funcionará até a próxima quinta-feira (19).

Muitos dos projetos apresentam soluções e alternativas para problemas da sociedade. Por exemplo, uma cadeira de rodas com um sistema eletromecânico que eleva o assento, permitindo ao cadeirante alcançar prateleiras mais altas em um supermercado, e uma pulseira com um dispositivo que pode evitar o sequestro de crianças na saída das escolas.

Este ano, os trabalhos também apresentam soluções para economizar água e energia. Ao todo, 39 projetos abordam o tema de melhor aproveitamento dos recursos naturais. É o caso, por exemplo, do Eco Laundry, desenvolvido por seis estudantes do ensino médio do Colégio 12 de Outubro, em São Paulo. Trata-se de um sistema que reaproveita a água da máquina de lavar roupas.

“O sistema basicamente é um filtro com calcário, areia e carvão ativo. Ele reutiliza a água da máquina que você acabou de usar na lavagem. A água passa pelo filtro e vai para o reservatório. Você pode fazer esse ciclo de cinco a seis vezes, até que a água não esteja pura o suficiente para fazer mais uma lavagem”, explicou Vitor Pirolla, de 16 anos, um dos criadores do projeto.

Ele ressaltou que o sistema demorou cerca de cinco meses para ser concebido e pode trazer uma economia de 130 litros de água em cinco lavagens. Pirolla destacou também o baixo custo do projeto. “Não é caro. E qualquer pessoa pode ter. Gastamos em torno de R$ 100 para fazer todo o sistema. E, com o passar do tempo, na conta de água você recupera todo esse dinheiro”.

Outro projeto que também estimula a economia de água, e desde 2011 é aplicado na Escola Professor Mansueto Boff, em Concórdia, Santa Catarina, é o que capta água de chuva para uso nas descargas de vasos sanitários. O trabalho foi desenvolvido pelas estudantes da própria escola Gabriele Ângela Pimentel e Ketlin Luane de Oliveira.

“Nossa escola é composta por um prédio escolar e um ginásio, que é todo cercado por calhas. Essas calhas são responsáveis por captar a água da chuva, que passa por uma caixa de mil litros, onde ficam as primeiras impurezas como galhos e folhas. Essa água vai então para um reservatório de madeira”, explicou Gabriele. De lá, segundo a estudante, a água segue para outra caixa, que fica abaixo de uma quadra aberta na escola.

Para que a água chegasse até a parte superior da escola, onde existe outra caixa captadora, seria necessário o uso de energia elétrica. Então, para tornar o projeto sustentável, a solução encontrada pelas alunas foi usar uma célula fotovoltaica. “Ela capta a energia solar, transforma em energia elétrica, manda para a bomba que tem abaixo da quadra aberta, acionando as boias que vão impulsionar a água para subir para os prédios superiores da escola, espalhando-se pelos 27 vasos sanitários”, disse Ketlin.

Desde que foi implantado, o sistema trouxe para a escola uma economia mensal de até 55% na conta de água.Sem considerar a célula fotovoltaica, que foi doada à escola, o projeto teve um custo de cerca de R$ 7 mil, disseram as estudantes.

A coordenadora-geral da feira, a professora da Poli/USP Roseli de Deus Lopes, destacou que o evento é um importante indutor de pesquisas dentro das escolas. “O que trazemos aqui, anualmente, são exemplos de jovens e professores protagonistas. E procuramos dar a maior visibilidade possível a eles, para que sirvam de exemplo lá na ponta. Queremos induzir nas escolas a possibilidade de fazer projetos de pesquisa científicas e tecnológicas”.

Editor Aécio Amado
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