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Bienal da UNE: educação artística ainda é desafio para escolas

04/02/15 22h47
Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil

Apesar de ser obrigatória, a educação artística nas escolas de ensino fundamental e médio ainda é negligenciada pelo sistema escolar. A questão foi debatida hoje (4) na 9ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE).

A professora de música aposentada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Ermelinda Paz Zanini, lembra que o ensino obrigatório de música nos currículos escolares começou nos anos 1960, mas em todas as mudanças de legislação, como as ocorridas nos anos 1980 e depois em 2008, a lei veio primeiro do que a estrutura escolar e formação de docentes, que até hoje não está satisfatória.

"A Lei 11.769/2008 prevê que tínhamos três anos para colocar o ensino obrigatório da música nas escolas. E vocês perguntam: implementou? Daí a gente começa a levantar os problemas. Então é importante falar que as leis vieram sempre antes e depois as providências do que deveria ser feito para a implementação da lei".

Professora de dança da Faculdade Angel Vianna, Márcia Feijó, acrescentou que ainda há muita dificuldade para levar o licenciado em artes para dentro das escolas, pois não há contingente de formados o suficiente nem de concursos para suprir a necessidade de professores de linguagens específicas. Para ela, é preciso ampliar o diálogo entre cultura e educação, para que a linguagem corporal possa contribuir mais sistematicamente na aprendizagem.

"No Brasil tem registro pré-histórico do dançar por dançar, não está ligado a nenhum ritual. É muito interessante ver que o corpo brasileiro é dançante e, na escola, o professor tem que convencer o aluno que dança é para todos. Então, quando a gente vê todas essas leis colocadas e essa necessidade da cultura ser colocada na escola, digo que a gente precisa fazer um diálogo entre o Plano Nacional de Cultura e o Plano Nacional de Educação, porque eles são muito excludentes".

Para o professor de pedagogia do teatro na Universidade Federal de Ouro Preto Ernesto Valença é preciso mudar a visão que se tem de escola de uma forma geral, pois ela não atrai o estudante. "Os conteúdos não mobilizam como o mundo lá fora tem mobilizado".

Outro problema colocado pelos três debatedores foi a prática do professor generalista, que dá aulas de todas a linguagens, independente de sua formação específica. Além disso, foi lembrada a importância da educação continuada do docente, em um mundo que não para de se transformar.

 

Editor Fábio Massalli

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