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Vanessa Guimarães, primeira reitora da UFMG, fala sobre a ascensão da mulher ao poder

07/03/13 15h14
Léo Rodrigues
"As mulheres estão muito bem representadas junto ao governo, mas seu número poderia ser maior", afirma Vanessa Guimarães (UFMG)

Primeira mulher a assumir a reitoria da UFMG. Primeira presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). É o que aponta o currículo da professora Vanessa Guimarães. Hoje consultora em educação, ela falou um pouco de sua trajetória ao portal EBC.

EBC - De que forma você construiu sua trajetória até a reitoria da UFMG?

VG - Comecei como professora da Faculdade de Educação nos anos 1970. Depois assumi o colegiado dos cursos de licenciatura, passei a ser diretora das escolas da universidade, diretora da Faculdade de Educação, pró-reitora de graduação e, depois disso, me candidatei a reitora. Minha vida na universidade foi muito mais ligada à sua gestão que à profissão acadêmica em si.

EBC - Quando você assumiu a pró-reitoria, já existiam muitas mulheres na gestão da universidade?

VG - Não. Era uma pessoa ou outra, mas a grande maioria era de homens. Não havia uma tradição. Assumi isso para mim mesma como mote de campanha, mas fiz uma equipe equilibrada, com metade de homens e outra de mulheres.

EBC - Recentemente, observamos medidas em diversas áreas para tentar ampliar a participação de mulheres nas esferas de poder. Fazendo um resgate de sua história, você foi também a primeira presidente da Andifes, em 1990.

VG - Eu era a única mulher naquela ocasião. Eram 55 homens e eu.

EBC - Podemos dizer que esse episódio já aponta que os gestores das universidades federais, naquela época, já tinham a noção da importância de se discutir o espaço da mulher nas esferas de poder?

VG - Não. Era um momento extremamente difícil para as universidades, com a entrada do Collor, que trouxe restrições enormes. Talvez eu fosse do grupo mais livre em relação ao então presidente e era a primeira mulher aqui, com toda aquela dificuldade para levar adiante o projeto da universidade, então penso que me acharam a mais disposta a enfrentar o povo do Collor. Eu também tinha uma liderança boa e conseguimos nos articular bem. Superamos os interesses individuais das universidades para defender o projeto universitário federal.

EBC - O que pode ser comemorado neste Dia Internacional da Mulher?

VG - Muitas coisas. Nós temos uma mulher presidente, outra na Petrobras, temos a Lei Maria da Penha, ministras no STF. As mulheres estão muito bem representadas junto ao governo, mas seu número poderia ser maior. Temos figuras femininas fazendo um trabalho bonito, sério e que não estão ali por serem mulheres, mas sendo também mulheres.

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