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Devotos celebraram Dia de Iemanjá no Rio de Janeiro

02/02/15 18h51
Isabela Vieira

Festa tem origem no sincronismo religioso com o Dia de Nossa Senhora dos Navegante: na época da escravidão, as pessoas de origem africana aproveitavam os feriados católicos para fazer a reverência  (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil) 

Bonecas enfeitadas, perfumes, brincos, espelhos e muitas flores entre os presentes que os devotos entregaram hoje (2) a Iemanjá, que eles chamam de Rainha do Mar. Com larga tradição no estado da Bahia, onde o 2 de fevereiro, Dia de Iemanjá, é feriado, o cortejo no Rio de Janeiro reuniu centenas de pessoas na Cinelândia, no centro, e seguiu em direção à Praça XV. Lá, os devotos tinham uma barca à disposição deles para entregar os presentes na Baía de Guanabara.

De acordo com babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), este é o 48º ano do evento no Rio e tem origem no sincronismo religioso com o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes – comemorado também no Rio Grande do Sul. “As pessoas de origem africana, na época da escravidão, para fazer a reverência, aproveitavam os feriados católicos”, disse Santos, lembrando que os cultos africanos eram proibidos.

Há 46 anos na organização da festa para Iemanjá no Rio, o ogan Kotoquinho, do Afoxé Filhas de Gandhy, um dos grupos que trouxeram a tradição da Bahia, explica que os presentes são uma forma de reverenciar a entidade religiosa. De acordo com Kotoquinho, em geral, o momento é de reunir os devotos para o pagamento de promessas, fazer pedidos e refletir sobre o ano que se inicia. “[No} dia 2 [de fevereiro] a gente busca  Iemanjá para refletir sobre o ano que passou. Pede força, saúde e prosperidade, sem confusão, para o ano seguinte com o coração aberto.”

Para agradecer pelas dádivas e renovar os pedidos, a representante comercial Lúcia Regina de Paula juntou-se ao cortejo. Foi a quinta vez que Lúcia tirou o dia para homenagear Iemanjá. “Hoje vou fazer um pedido especial, sobre algo que aconteceu recentemente, e tenho certeza de que serei abençoada. Ainda hoje, depois da oferta, terei minha resposta.”

Barca leva bonecas, flores e outros presentes dos devotos para Iemanjá, Rainha do Mar (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Aos 78 anos, a aposentada Araci Andrade Corrêa também participa da homenagem. Este ano, ela deposita no mar, de cima da barca, na Baía de Guanabara, rosas brancas. “Venho tem cinco anos, apanho a barca. A gente corre as ilhas, depois, a barca para. Aí, entregamos nossas oferendas e fazemos pedidos. É lindo, se vocês quiserem vir, vão adorar”, disse Araci, que é devota.

Durante a concentração do cortejo, na Cinelândia, líderes religiosos cobraram mais apoio da prefeitura para a organização da festa e reclamaram da ausência de banheiros químicos. A prefeitura respondeu que apenas dá autorização para eventos e esquematiza o trânsito para facilitar o cortejo. A infraestrutura para o evento é responsabilidade dos organizadores.

 

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