Estudantes do Rio trocam experiências com alunos de faculdade descredenciada em Brasília

15/01/2014 - 19h29

Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – Há quatro meses, estudantes da Faculdade Alvorada, em Brasília, passaram por situação semelhante à que enfrentam hoje os alunos da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), no Rio de Janeiro: viram a instituição em que estavam matriculados ser descredenciada pelo Ministério da Educação (MEC) e foram transferidos para outros estabelecimentos. Com o processo, alguns estudantes perderam o semestre. Outros não ficaram satisfeitos com as instituições selecionadas para a transferência assistida e optaram por pedir a própria transferência.

O caso é citado como exemplo negativo pelos alunos da Gama Filho e da UniverCidade, administradas pelo Grupo Galileo. Os estudantes temem que a transferência assistida não lhes dê respaldo e pedem a federalização das instituições. Em Brasília, hoje (13), uma turma das universidades do Rio conversou com alunos da Faculdade Alvorada para trocar experiências. Eles planejam fazer juntos um vídeo para que o que ocorreu na Faculdade Alvorada seja compartilhado com os alunos das instituições com sede no Rio de Janeiro.

"Discutimos hoje o que de fato aconteceu com eles. O MEC apresenta uma coisa, e eles dizem outra", disseram os estudantes. Segundo eles, apenas a metade da transferência assistida foi concluída. Quem conseguiu vaga foi quem fez o processo por conta própria", afirmou o diretor de Universidades Privadas da União Nacional dos Estudantes (UNE), Mateus Weber. "Vamos gravar e passar isso para o pessoal do Rio e pedir uma solução. Desde o início, dissemos que não queríamos o descredenciamento."

A Agência Brasil conversou com o estudante de jornalismo Francisco Coelho da Silva, integrante da comissão de ex-alunos da Faculdade Alvorada, que além de viver a situação, acompanhou de perto a dos colegas. Ele estava no 5º semestre do curso, quando a faculdade foi descredenciada. Hoje estuda no Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb).

“Com o descredenciamento, optei por não participar do processo de transferência assistida. Eu e alguns alunos formamos um grupo que negociou diretamente com outra instituição. Tínhamos medo de demorar muito. Perdemos um mês de aula, mas teve gente que participou da transferência assistida e perdeu o semestre.”

Outras dificuldades apontadas pelo estudante foram a localização e os preços das instituições nas quais os estudantes foram recebidos. A Faculdade Alvorada localizava-se no Plano Piloto, área central de Brasília. Alguns estudantes foram transferidos para instituições em cidades satélites do Distrito Federal.

Francisco tem bolsa integral do Programa Universidade para Todos (ProUni) e o benefício foi mantido na nova instituição. No caso dos colegas que não tinham o benefício, as mensalidades aumentaram, ressaltou o estudante. “A maioria das outras faculdades tem mensalidades bem acima das que a Alvorada cobrava. Segundo ele, as mensalidades da Alvorada eram "acessíveis", com média de R$ 480. "As novas instituições cobram, em média, R$ 700”, informou.

O MEC rebate as críticas, lembrando que a Alvorada foi descredenciada em setembro e o edital de transferência assistida, concluído em 21 dias. Com o edital, foram transferidos 70% dos alunos. No entanto, o MEC admite que estudantes de algumas turmas foram alocados em novembro.

O secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, Jorge Messias, ressaltou que o processo da Alvorada foi feito durante o semestre letivo, o que ocasionou a perda das aulas. Já o da Gama Filho e UniverCidade será feito, “não só com mais agilidade, mas com um janela mais favorável aos estudantes [durante as férias]. Estamos em janeiro, e a atuação do MEC é no sentido de concluir a tempo para o ingresso regular no primeiro semestre letivo do ano.”

Até o dia 20, será divulgado um edital convocando as instituições de educação superior do Rio de Janeiro que tenham interesse e condições para receber os alunos. Messias explicou que as instituições precisarão ter a qualidade atestada nas avaliações do MEC, condições financeiras para assumir os estudantes e uma proposta de mensalidade equivalente à das que foram descredenciadas. Além disso, deverão aproveitar as disciplinas já cursadas e estar aptas a nivelar as deficiências que o estudante possa ter da formação anterior.

Messias diz também que os estudantes de medicina, que são mais de 2 mil, na Gama Filho, também serão alocados e que ele confia no processo de transferência assistida. Mais informações podem ser obtidas no site da secretaria.

Ainda cabe recurso do descredenciamento, e o Grupo Galileo informou que vai recorrer.

Edição: Nádia Franco

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