Vão do mezanino no Galeão por onde caiu criança está 8 cm acima do permitido, diz Crea

06/01/2014 - 19h24

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O vão no mezanino entre a escada rolante e o guarda-corpo de onde caiu a menina argentina Camila Palacios, de 3 anos, no último sábado (4), no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/Galeão - Antônio Carlos Jobim, está 8 centímetros (cm) além do permitido. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), Agostinho Guerreiro, para quem o vão está fora das especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Segundo Guerreiro, o Crea está preparando um relatório sobre o que foi apurado pela instituição. “Existem normas da ABNT para os vãos existentes nas escadas e em lugares de passagem de público, como varandas, a recomendação é, no máximo, 11 centímetros, o que não é o caso de lá [Galeão]. Os indicativos apontam, até agora, um vão superior ao limite permitido, e o que está sendo mencionado é 19 centímetros. Então, para uma criança é um vão muito largo e perigoso", explicou Agostinho.

Se for confirmado que a norma da ABNT não foi atendida, o Crea-RJ deverá chamar as pessoas envolvidas para prestar esclarecimentos e identificar as falhas. Segundo Agostinho, o Crea não pode tratar de problemas de obra, mas tem a tarefa de fazer a fiscalização do exercício profissional.

"O que nós podemos fazer é chamar a empresa e, eventualmente, o profissional que tenha feito, porque realmente existem normas para proteção de qualquer tipo de construção, sobretudo onde tem trânsito de pessoas", disse o presidente do Crea.

Também hoje, o Procon-RJ fez uma fiscalização no aeroporto para verificar as condições de segurança do Galeão e constatou algumas irregularidades. O balanço da operação, divulgado pelo órgão, aponta mais cinco falhas, além do vão excessivo entre a escada rolante e o guarda-corpo.

Segundo o Procon-RJ, quatro elevadores e três bebedouros não funcionam, o banheiro para deficientes estava trancado, a canaleta de alumínio da esteira estava solta, causando risco aos usuários, e o ar-condicionado não funciona em dois setores do Terminal 1, na área de embarque.

Sobre a vistoria do Crea, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou, em nota, que na década de 1990, quando o Terminal 2 do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro foi construído, foram seguidas todas as normas vigentes à época relacionadas a projetos e construções, e que aguarda a finalização dos laudos técnicos para fazer as adequações que forem necessárias.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a menina está lúcida, mas ainda precisa de cuidados. Os médicos ainda estão avaliando a necessidade de uma cirurgia. A passagem pelo vão projetou Camila Palacios para uma queda de cinco metros de altura.

Edição: Davi Oliveira

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