Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A política de implantação de unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) é um caminho sem volta, avalia o governador do Rio, Sérgio Cabral, que pretende implantar pelo menos 40 UPPs em seu governo. Na última sexta-feira (27), Cabral inaugurou a segunda delegacia de polícia em uma região pacificada. A primeira foi na Rocinha, no dia 21 deste mês.
Atualmente, existem no Rio 36 comunidades ocupadas pelas forças de segurança. A política de implantação de UPPs começou em dezembro de 2008, com a pacificação do Morro Dona Marta, em Botafogo.
“Vamos avançar com as companhias pacificadoras, que é um estágio entre a companhia convencional e a UPP. Vamos avançar com mais UPPs. Continuar contratando policiais militares, prosseguir com concursos públicos na Polícia Civil. É um processo que não para e eu tenho certeza de que é um caminho sem volta.”
O governador comentou os recentes ataques de criminosos a policiais em algumas comunidades pacificadas, principalmente na Rocinha, no Lins de Vasconcelos e no próprio Complexo do Alemão.
“É a reação do crime organizado a uma mudança inesperada para eles, tanto da milícia quanto do tráfico, que durante 30 ou 40 anos viveram basicamente na impunidade. No Complexo do Alemão, até a nossa chegada, fazia dez anos que não havia uma operação policial efetiva. Essa mudança de paradigma modifica a correlação de forças para o crime organizado, que se enfraquece, deixa de ter o domínio territorial, e a venda da droga fica muito mais difícil. E há uma tentativa permanente, por parte dos criminosos, de prejudicar essa política de segurança.”
O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, reconheceu que existe uma resistência do tráfico à presença do Estado, mas ressaltou que os criminosos estão perdendo terreno.
“Os casos de violência infelizmente existem e vão existir. Não há garantias de que isso nunca mais vá acontecer. Se isso existe em vários lugares do país e do mundo, imagine em lugares historicamente conflagrados. O que nós temos que estar é atentos. Essas incidências, eu posso garantir, são muitíssimo menores do que eram há sete ou oito anos. Nós não temos ilusão de que esse é um trabalho fácil. O que eu posso dizer para essas comunidades é que nós não vamos desistir, não vamos nos afastar de nosso propósito. A polícia é maioria dentro desse lugares, os criminosos sempre agem de maneira covarde e sorrateira, e nós vamos permanecer. Se tiver que aumentar o efetivo, aumentaremos. É um processo que não tem mais volta. Mas não há jogo ganho.”
Beltrame disse que os avanços sociais não são responsabilidade direta da Secretaria de Segurança, que tem por missão garantir espaço para que outras instâncias entrem nas comunidades.
“A UPP é a vanguarda do Estado dentro desse lugares. A pacificação é a janela de oportunidade para que as coisas aconteçam. É o fundamento da UPP. Nossa função é proporcionar que outras instituições façam o que já deveria ter sido feito há muito tempo. Infelizmente, são 40 anos em que essas pessoas [criminosos] fizeram desses lugares seus verdadeiros impérios e isso não vai acabar de uma hora para outra. Se o Rio de Janeiro não procurar integrar a favela ao asfalto, não vira a página da violência.”
Edição: Juliana Andrade
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