Homenagem de primeiro-ministro japonês a soldados mortos provoca protestos da China

26/12/2013 - 18h00

Da Agência Brasil*
 

Brasília - O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, visitou hoje (26), em Tóquio, o Templo de Yasukuni, que homenageia soldados mortos, entre os quais criminosos de guerra.

O episódio gerou fortes críticas da China. O chanceler chinês, Wang Yi, convocou o embaixador japonês no país, Masato Kitera, e informou que o gesto significa um novo obstáculo político. De acordo com ele, as atitudes do premiê Shinzo Abe estão conduzindo o Japão a uma "direção muito perigosa". 

O político japonês elegeu o dia em que completa um ano no poder para visitar pela primeira vez o santuário como chefe de governo. "É um mal-entendido pensar que essa visita significa veneração aos criminosos de guerra", disse Abe, depois de fazer breve oração no interior do templo. 

O primeiro-ministro japonês destacou que orou pelo descanso dos que perderam a vida defendendo o Japão na guerra e negou qualquer intenção de provocar os países vizinhos, como a China ou a Coreia do Sul. 

"Com a minha decisão, queria mostrar o propósito de que o Japão nunca volte a participar de guerras", disse o primeiro-ministro, enfatizando que se esforçará para que chineses e sul-coreanos entendam o objetivo da visita. 

As visitas de membros do governo ao Templo Yasukuni, que presta homenagem aos milhões de soldados mortos em conflitos armados entre 1853 e 1945 e a 14 criminosos da 2ª Guerra Mundial, gera todos os anos protestos por parte de países ocupados pelo Japão no século 20. Esta foi a primeira visita de um primeiro-ministro japonês ao local desde 2006. 

O diretor-geral de Assuntos Asiáticos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Luo Zhaohui, disse que a visita de Abe ao templo é inaceitável para o povo chinês e que o Japão deverá assumir as consequências. 

Segundo o porta-voz da chancelaria chinesa, Qin Gang, o Templo de Yasukuni é uma ferramenta e um símbolo espiritual das agressões do Japão durante a 2ª Guerra Mundial. "Somente se o Japão assumir e refletir sobre a sua história de invasões, e considerá-la como um espelho, poderá desenvolver uma relação orientada para o futuro com seus vizinhos", disse Gang. 

Considerando apenas um período de seis semanas, em 1937, estima-se que tenham sido mortos mais de 300 mil chineses depois da ocupação de soldados do Japão na cidade de Nanjing, no Leste da China. 

Para o pesquisador da Academia Chinesa de Ciência Sociais Gao Hong, o premiê japonês decidiu fazer a visita para cumprir um compromisso com as forças de direita do país e estabelecer as bases da estratégia e da linha política que pretende conduzir em 2014. Para ele, essa postura de confrontação é "tola".

Vários partidos políticos japoneses, inclusive aliados, criticaram a visita. Segundo o líder do Komeito, Natsuo Yamaguchi, que apoia o governo, o partido pediu insistentemente que o primeiro-ministro evitasse a visita ao templo. "A visita do premiê ao Yasukuni vai fazer as relações com a China e a Coreia do Sul mais difíceis", disse Yamaguchi. 

*Com informações das agência Lusa e  Xinhua