Em relação ao desempenho econômico, os direitos humanos ficaram para trás no Brasil, disse Sader

13/12/2013 - 14h33

 

Carolina Sarres
Repórter da Agência Brasil 

Brasília – A garantia dos direitos humanos no Brasil não acompanhou os avanços feitos nos últimos anos nas áreas econômica e social, disse o secretário executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso), o sociólogo Emir Sader. De acordo com ele, a melhoria dos índices de desigualdade e pobreza e a piora nas estatísticas de violência e desrespeito aos direitos humanos no país é um paradoxo.

“Apesar da maior transformação democrática que o país já viveu, para a nossa decepção, os índices de violência pioraram. Brasil, Honduras e México estão entre países que avançaram socialmente, mas que estão entre os mais violentos. Isso quer dizer que estamos desaparelhados para expandir a cultura de direitos humanos”, informou Sader no seminário Por uma Cultura de Direitos Humanos, no Fórum Mundial de Direitos Humanos (FMDH), que termina hoje (13), em Brasília.

Segundo ele, a violação de direitos humanos é uma questão que envolve fundamentalmente a educação e uma transformação estrutural da cultura de não violência.

“A cultura é assumir valores e colocá-los em prática na nossa vida. O que tem de mudar é a nossa capacidade de fazer chegar valores aos mesmos setores a que têm chegado os benefícios dos direitos sociais. Com esse avanço, há de estar a compreensão dos direitos humanos que vem com isso”, explicou.

Para Emir Sader, um dos problemas é exigir de professores, que não têm o reconhecimento devido, que sejam porta-vozes de temas civilizatórios a setores marginalizados historicamente.

A presidenta da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania de Cabo Verde, Zelinda Cohen, informou que a introdução de valores relacionados aos direitos humanos e à cidadania nas escolas do país foi uma experiência que deu certo.

“A escola é veículo primordial de introdução de valores em currículos escolares. A escola tem elevada penetração social. Começamos com conteúdo nos primeiros anos do ensino básico e, hoje, a experiência se estende ao secundário”, explicou Zelinda.

A representante do Centro da Educação para a Paz e o Desenvolvimento Galkayo (Gecpd, sigla em inglês) da Somália, Deqo Aden Mohamer, explicou que o objetivo do centro é ensinar o respeito aos direitos humanos a jovens mães somalis.

“Por meio delas, começamos a respeitá-los a no começo das gerações, por meio da criação, em casa”, disse Deqo.

Edição: José Romildo
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. É necessário apenas dar crédito à
Agência Brasil