Ação conjunta entre prefeitura e sociedade pode evitar problemas de enchentes no Rio, diz especialista

13/12/2013 - 16h32

 

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A sociedade organizada e o Poder Público do Rio de Janeiro devem agir em conjunto para enfrentar o problema das chuvas, avaliou hoje (13), em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do Laboratório de Hidrologia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Labhid-Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Canedo. Ele também destacou que é preciso uma maior conscientização da população para que mantenha as ruas e rios limpos.

Segundo Canedo, a prefeitura do Rio já começou a resolver o problema das encostas, embora a população reclame mais rapidez nesse processo. Segundo ele, o grande desafio agora “é descobrir o caminho que possa levar a uma cidade mais limpa, porque a chuva pode ser monitorada pela população”. O que não pode, acrescentou, “é quando a chuva acabar restar um pingo d'água na rua”. Em outras palavras, se em três minutos após a chuva, a rua não esvaziar, há um problema: o ralo entupiu. As pessoas têm que se conscientizar de que não podem jogar lixo nas ruas e rios e, dessa forma, têm o direito de exigir que a prefeitura faça a limpeza e manutenção permanente dos bueiros”, recomendou.

Paulo Canedo disse que existe um descompasso entre a causa e o efeito da chuva forte que ocorreu esta semana no Rio. O fenômeno se repete a cada ano, provocando enchentes, deslizamentos de encostas e mortes. Para o chefe do Labhid, a chuva dos últimos dias trouxe transtornos acima dos esperados, o que mostra que a cidade tem vulnerabilidades.

Uma das causas desses transtornos é o deslizamento de solo e encostas, que soterra pessoas, gera disfunções e mortes. Outra causa é que os rios não têm capacidade de conduzir a vazão, “porque eles estão estrangulados e demandam obras de correção”. A terceira causa apontada pelo professor da Coppe diz respeito a um problema de microdrenagem, ou seja, “os ralos das ruas não conseguem drenar a água”. As três origens do problema não são excludentes, indicou. As soluções são distintas, bem como as responsabilidades.

Canedo deixou claro que o Rio de Janeiro tem problemas clássicos de drenagem da rua, que não têm relação com chuvas fortes. “Ele gera poças de qualquer maneira”. Há áreas que foram, inclusive, definidas pela prefeitura como problemáticas, mas onde o problema não foi corrigido ainda. O Aterro do Flamengo, em frente à Baía de Guanabara, e a Avenida Epitácio Pessoa, que beira a Lagoa Rodrigo de Freitas, são algumas delas, apontou.

Para resolver o problema de microdrenagem, em que os ralos não funcionam por entupimento, a solução passa pela manutenção dos bueiros. Já os rios que não têm capacidade de conduzir suas águas demandam ações mais complexas que envolvem projetos de engenharia, licitações e obras de correção. Em relação às encostas, disse que o município do Rio tem ainda uma quantidade significativa de casas em locais de risco em que a prefeitura enfrenta dificuldades para remoção dos moradores. Essa dificuldade é maior em cidades com infraestrutura menor, ressaltou.

Na capital do estado, o processo de remoção está avançando. “Muito embora vá mais lento do que a gente gostaria, temos que reconhecer que há um esforço”.

Na opinião de Paulo Canedo, as enchentes de janeiro de 2011, na região serrana fluminense, despertaram uma noção de responsabilidade maior para a Defesa Civil do estado. “Ela, hoje, é merecedora de aplausos, porque houve uma mudança louvável”. A parceria estabelecida pelo órgão com a sociedade civil trouxe melhorias significativas na evacuação de pessoas em situações de risco. Durante as chuvas desta semana, não houve uma só morte registrada na região, destacou. “Isso é louvável”. A experiência deve ser repetida em relação ao lixo, propôs Canedo.

 

Edição: Aécio Amado

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