Alunos de escola técnica do DF expõem invenções em feira de ciências

07/12/2013 - 18h34

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A pressão nas teclas do celular feita pelo rosto durante as ligações ganhou uma nova função além de irritar os usuários que apertam o teclado por acidente. Por meio da decodificação dos impulsos provocados pelos botões, elas agora podem controlar motores de qualquer parte do mundo. Basta uma chamada para mover um protótipo em qualquer direção, como num videogame.

A ideia, que pode ser aplicada em dispositivos de segurança e instrumentos médicos, é uma das invenções apresentadas hoje (7) na 27ª Mostra de Tecnologia e Arte do Centro de Educação Profissional, Escola Técnica de Brasília (CEP-ETB), em Taguatinga, cidade a 20 quilômetros do centro de Brasília. A feira expôs cerca de 120 projetos desenvolvidos pelos alunos dos cursos de informática, eletrônica, eletrotécnica e telecomunicações da unidade pública de ensino, administrada pela Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Batizado de decodificador DTMF, o protótipo que se move com as teclas do celular é criação de quatro estudantes do terceiro semestre do curso. “A grande vantagem desse sistema é que ele não depende de limitações de distância. Os dois motores do protótipo podem ser controlados, sem fio, de qualquer lugar do mundo, bastando uma ligação de celular”, explica Kaique dos Santos, 19 anos, um dos inventores. “Demoramos uma semana para desenvolver o projeto”, recorda.

Na internet, o patinete que se move com o autoequilíbrio do condutor custa de R$ 6 mil a R$ 10 mil. Alunos da Escola Técnica de Brasília conseguiram criar uma réplica muito mais barata. Com um motor de limpador de para-brisas, duas baterias de motocicletas, uma prancha de madeira, barras de ferro e peças de computadores usados, o utilitário sai por menos de R$ 500.

“Pegamos um projeto quase pronto de outras feiras e fizemos umas adaptações. Tínhamos até criado um dispositivo para controlar a velocidade do patinete, mas um dos circuitos queimou”, diz Kennedy de Freitas, 17 anos, aluno do segundo semestre da escola técnica. “Essa invenção é barata e pode ajudar muita gente com dificuldade de se locomover nas cidades”, completa.

Com demanda bastante concorrida, a escola técnica promove cursos de dois anos, além de seis meses de estágio. Segundo os estudantes, eles saem com emprego garantido. “Fiz um estágio e já estou contratado numa fábrica de motores de portões elétricos”, conta Joabe Vieira, 18 anos, aluno do quarto semestre.

Com outro colega de turma, Joabe desenvolveu uma invenção que trabalha com ilusão de óptica. Um motor movimenta duas colunas de lâmpadas LED que formam um globo giratório com as iniciais ETB (nome da escola técnica). Para conseguir o efeito, eles tiveram de programar as lâmpadas para piscarem no tempo certo. “É o mesmo princípio usado nos letreiros de ônibus e nas televisões antigas, de tubo de imagem”, explica Matheus Pereira, 18 anos, o outro inventor.

Apesar de o Distrito Federal ter poucas indústrias, os estudantes dizem que o mercado de trabalho para os formandos da escola técnica está aquecido. “Podemos trabalhar em assistências técnicas autorizadas, oficinas especializadas e empresas de informática. A área eletrônica é grande e dá para trabalhar nos mais diversos lugares. Basta ter qualificação”, diz Alander Praxedes, 17 anos, um dos inventores do protótipo movido a celular.

Edição: Talita Cavalcante

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