Jovens voltam a ocupar o Leblon, perto da residência do governador Sérgio Cabral

28/10/2013 - 16h52

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Um grupo de jovens voltou, no início da manhã de hoje (28), a fazer uma ocupação na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, próximo à Rua Aristides Espínola, onde mora o governador do Rio Sérgio Cabral. As pessoas estavam no canteiro central da avenida no começo da tarde e sete foram levadas para a 14ª Delegacia de Polícia para averiguação por porte de entorpecente.

Vestidos de preto e se declarando anarquistas, os jovens conversaram com a Agência Brasil, mas não quiseram se identificar. Eles dizem que chegaram ao local por volta das 5h30 para montar o movimento Ocupa Leblon, que não tem uma pauta única de reivindicação. Na página do Facebook, aberta pelo grupo, a comunidade é descrita como “contra o sistema político atual, que não representa o povo. Ocupação que vai abalar o sistema carioca na raiz, aguardem”.

De acordo com o movimento, à noite o grupo deve chegar a 40 pessoas, que vão para lá depois do trabalho e das aulas. “A gente vai ficar aqui até o final do ano”, disse um deles. O policiamento no local está reforçado mas, por enquanto, o clima é de tranquilidade. De acordo com o capitão Jean Van Crevield, do 23º Batalhão da Polícia Militar, que supervisionava o policiamento no local, há uma ordem judicial para que não seja montado acampamento no local. “Por enquanto eles só estão ali e não estão acampando”.

Os jovens argumentam que a polícia sempre diz que não pode acampar. “Nós vamos ocupar, não necessariamente com barraca, atualmente a gente não pensa nisso. Ocupar é estar aqui, é Ocupa Leblon, é estar. A gente já está ocupando, é desobediência civil”, diz um dos jovens. O grupo comia tranquilamente, sentado em roda na grama.

Os jovens dizem que não têm nenhum objetivo concreto com a ocupação. “A gente não tem nenhum objetivo pós-político, pós-sistema, de acabar hoje com o capitalismo brasileiro. O anarquismo aqui dentro é só uma forma de reger a ocupação, uma forma da gente questionar e se organizar de uma forma anarquista, sem assembleia, com nossas próprias regras, com o bom-senso e o equilíbrio prevalecendo”, diz um deles. “É como se isso aqui fosse nosso, se a gente tomasse conta e não tivesse capital, um faz pelo outro, é sempre uma troca”, acrescenta outro.

Quanto à pauta de reivindicações, eles dizem que é a mesma desde as manifestações de junho. “O que puxou foram os transportes, mas tinha muita gente ali por outras coisas. Não vai ter Copa, não vai ter Olimpíada, não vai ter eleição e, principalmente, fora Cabral e fora direção pelega do Sepe [Sindicato dos Profissionais da Educação], que acabou com a greve dos professores”. Os jovens dizem que estão fazendo uma manifestação legítima e pacífica e que não esperam entrar em confronto com a polícia.

Edição: Fábio Massalli

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil