Pela primeira vez, senador boliviano prestará depoimento à Justiça do Brasil

09/09/2013 - 7h37

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Pela primeira vez, o senador boliviano de oposição Roger Pinto Molina, de 53 anos, prestará depoimento à Justiça do Brasil desde que chegou ao país há duas semanas. O parlamentar será ouvido no próximo dia 12, às 14h30, na 4ª Vara da Justiça, em Brasília. O testemunho de Molina faz parte do processo de retirada da Bolívia, no último dia 22, coordenado pelo encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, Eduardo Saboia.

“O senador será ouvido em juízo com vistas a preservar provas que podem ser importantes. A expectativa é que ele [Pinto Molina] ateste a verdade e relate todo o processo vivido”, ressaltou à Agência Brasil o advogado Ophir Cavalcante Junior, que defende o diplomata Eduardo Saboia.  

Pinto Molina ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia. Ele foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação, organizada por Saboia, desencadeando uma crise diplomática. O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.

No Brasil há 15 dias, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.

Na semana passada, esteve em Brasília uma  missão boliviana de alto nível, formada por três ministros integrantes do Ministério Público, que apresentou documentos ao Ministério da Justiça sobre os processos judiciais envolvendo Pinto Molina.

Paralelamente, Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da Embaixada do Brasil na Bolívia. O ex-encarregado de Negócios é acusado de quebra de hierarquia. A defesa nega.

Edição: Graça Adjuto

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