Apesar de queda, brasileiros ainda são maioria dos jogadores estrangeiros em Portugal

08/09/2013 - 16h56

Gilberto Costa
Correspondente da Agência Brasil / EBC

Lisboa – Três dos 22 jogadores convocados para os próximos amistosos da Seleção Brasileira de Futebol tiveram passagem pelos principais clubes portugueses. Hulk (ex-Porto FC), David Luiz (ex-Benfica) e Ramires (ex-Sporting e ex-Benfica), hoje bastante valorizados no mercado internacional de futebol, são apontados como exemplos de que os gramados lusitanos podem servir de tapete para a glória no esporte.

Entre a temporada de 2009/2010 e de 2013/2014, 318 brasileiros se transferiram para Portugal (primeira e segunda ligas), conforme contabiliza o site especializado em futebol internacional, Futebol 365.

Ficar nos campos do Brasil é apontado por pessoas do meio como a melhor alternativa para a carreira do atleta do que cruzar o Oceano Atlântico, mas as relações dos jogadores com os clubes e a crise econômica que atravessa também o futebol português, no entanto, podem alterar o mercado.

“A imagem que passa que os jogadores brasileiros vêm para Portugal ganhar dinheiro, na maioria das vezes não corresponde à verdade”, aponta o agente de jogadores de futebol Ramiro Sobral, cadastrado na Federação de Futebol de Portugal. “Os salários pagos pela maioria dos clubes portugueses estão longe de permitir que um jogador brasileiro após dez anos de carreira de futebol, quando acaba de jogar, tenha a vida orientada. Pelo contrário, quando para de jogar futebol vai ter que procurar emprego, porque em dez anos não terá ganho o suficiente para viver daquilo que construiu”, alerta o agente.

Segundo os especialistas do ramo, os salários pagos no Brasil tornaram-se mais competitivos e ficar no país pode ser vantajoso. “Ainda que para vir pelo mesmo salário pense duas vezes”, aconselha Emanuel Calçada, advogado especializado em direito do Esporte e secretário-geral da Associação Nacional de Agentes de Futebol de Portugal. “Há uma tendência de mudança. [Os clubes] começam a se virar para o mercado africano”, acrescenta Marcelo Silva, agente brasileiro também registrado na federação.

Esses fatores podem explicar a queda crescente da participação verde-amarelo nas últimas cinco temporadas do campeonato português. Estatísticas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional mostram que entre as temporadas de 2008/2009 e de 2013/2014 caiu em quase 20 pontos percentuais a presença de brasileiros na principal competição lusitana – de 60,08% para 40,24%.

Há cinco anos, os brasileiros somavam 146 atletas na competição (no pico, o número chegou a 157). Na atual temporada, há por enquanto apenas 101 jogadores “brasucas” (como dizem os portugueses). Apesar da queda, os brasileiros ainda são os estrangeiros mais frequentes dentro das quatro linhas do futebol português (cerca de dois em cada grupo de dez atletas).

 

Edição: Carolina Pimentel

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