Famílias que ocupam terreno da União em SP agendam reunião com representantes do governo para dia 10

06/09/2013 - 23h16

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Depois de protestar em frente ao prédio onde está localizada a sede da Agência Brasileira da Inovação (Finep), na Marginal Pinheiros, em São Paulo, as famílias que ocupam um terreno na Rua Silveira Sampaio, próximo à Favela de Paraisópolis, na zona sul paulistana, conseguiram na tarde de hoje (6) agendar uma reunião com representantes do governo federal para a próxima terça-feira (10). A Finep, que é ligada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, é a proprietária do terreno que cerca de 800 famílias ocupam desde o dia 23 de agosto. As famílias reivindicam que a área seja utilizada para habitação de interesse social pelo Programa Minha Casa, Minha Vida.

A manifestação teve início por volta das 14h30 e passou pela Avenida Morumbi e a Ponte do Morumbi. Ao redor das 16h, os manifestantes fecharam a pista local da Marginal Pinheiros, sentido Rodovia Castello Branco, na altura do Viaduto República da Armênia. A pista foi liberada pouco depois, quando os manifestantes chegaram à sede da Finep. Segundo a Polícia Militar e os organizadores, cerca de 1,5 mil pessoas participaram do ato.

Quando chegaram à sede paulista da Finep, uma comissão formada por oito manifestantes foi recebida por representantes do órgão. Um dos integrantes da comissão foi Guilherme Boulos, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “O compromisso que a Finep e o governo federal estabeleceram com o movimento hoje é que virão para cá [São Paulo], na terça-feira, o presidente da agência, Glauco Arbix, um representante da diretoria e também um representante da Secretaria-Geral da Presidência da República para poder tratar da ocupação do terreno [conhecido como] Faixa de Gaza”, disse. Segundo Boulos, a reunião ocorrerá na sede da Finep a partir das 14h.

Por meio de nota à imprensa, enviada antes do fim da reunião de hoje com os manifestantes, a Finep informou que ajuizou uma ação de reintegração de posse do terreno no começo da semana e que um oficial de Justiça foi designado para ir ao local para averiguar a situação. Indagado pela Agência Brasil sobre a nota da Finep, Boulos disse que não tinha conhecimento sobre o pedido do órgão para que ocorra a reintegração de posse.

“Isso para nós é uma novidade. A Finep não disse isso. Vamos procurar saber na Justiça Federal. Se de fato eles pediram a reintegração de posse, certamente a negociação vai ser muito mais tensa. Se a Finep trabalhar com a opção de que despejar as famílias é a solução, isso que ocorreu hoje vai se repetir com muito mais radicalidade em relação à Finep”, falou.

“Nosso objetivo é muito claro e é possível. Não estamos pedindo nada que o governo não possa fazer. O terreno é público, federal e pode ser destinado para a Caixa Econômica Federal ou [ao] Ministério das Cidades para viabilizar um programa que também é federal, o Minha Casa, Minha Vida”, acrescentou Boulos.

Após a reunião de hoje, as famílias deixaram a frente do prédio da Finep e seguiram, em caminhada, de volta à Rua Silveira Sampaio, onde está localizado o terreno, passando pela Marginal Pinheiros e pela Avenida Morumbi.

Edição: Fábio Massalli

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