Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O novo embaixador britânico no Brasil, Alexander Elis, disse hoje (5) que a detenção do brasileiro David Miranda no Aeroporto de Heathrow, no dia 18 de agosto, não abala a relação entre os dois países. Miranda é companheiro do jornalista Glenn Greenwald, que denunciou em reportagens a espionagem de informações pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês).
“Não abala a relação [entre os dois países]. Ele foi detido dentro da lei britânica, foi libertado menos de nove horas depois. Isso fez parte de uma operação policial. É natural, em relações humanas mais estreitas, que vão haver casos assim. Por isso é importante manter a cooperação e o diálogo”, disse o embaixador, que concedeu uma palestra sobre a relação entre os dois países e as oportunidades de negócios bilaterais na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
Elis foi embaixador em Portugal e trabalhou na União Europeia ao lado do português Durão Barroso. “Estou aqui há cinco semanas. Então, cabe a mim ouvir e não só falar. Quero angariar experiência empresarial, que é enorme neste país. Temos que pôr as questões comerciais dentro de uma relação política. O Reino Unido é o quarto maior investidor estrangeiro no país.”
Referente ao vazamento das ações de espionagem que os EUA vinham fazendo em diversos países, inclusive no Brasil, por meio da NSA, o diplomata disse que é preciso um amplo debate sobre a questão. “Achamos que deve haver uma abordagem mais global em questões de informações de internet. O que nós não queremos é que o debate vá para um lado de maior controle dos governos. A internet tem trazido enormes benefícios para o mundo, em termos de livre circulação de ideias. Mas claro que são coisas que têm de ser geridas, não podem existir à solta.”
O embaixador britânico falou também sobre um possível ataque dos EUA à Síria, em função das suspeitas de ataques com armas químicas do governo sírio contra a própria população. “Aprendendo algumas lições do passado, inclusive com a Guerra do Iraque. O governo insistiu em ir ao Parlamento para debater o tema. Ao final, o Parlamento decidiu votar contra uma ação militar. O Executivo respeita isso. Claro que nós vamos continuar, em termos diplomáticos e monetários, o apoio à oposição na Síria. Também olhamos com grande preocupação o ataque químico, que é bem provável vir do regime de Bashar Al Assad. O mundo não pode só olhar e deixar passar um ataque que afronta o regime multilateral de controle de armas químicas. Tem que haver alguma resposta”, disse.
Edição: Fábio Massalli
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