Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Reitores das universidades federais da Região Norte pedem ao governo a elaboração de um programa para atrair e fixar doutores. Sem esses profissionais, as instituições têm dificuldade em abrir programas de pós-graduação e não conseguem captar recursos suficientes para melhorar a estrutura para pesquisa. Na tarde de hoje (4), na reunião do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), os reitores falaram do problema ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp. Ele comprometeu-se a analisar os recursos disponíveis para tal programa.
Segundo o presidente do Colégio de Pró-Reitores de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação das Instituições Federais de Educação Superior da Andifes, Emmanuel Zagury Tourinho, a região da Amazônia tem 10% da população, mas concentra menos de 5% dos doutores do país. Isso significa em torno de 4 mil dos cerca de 80 mil doutores no Brasil. "A maioria das vagas abertas nas universidades e nos institutos de pesquisa são preenchidas por não doutores, ou seja, por docentes e pesquisadores que têm título de graduado ou, no máximo, de mestre. Em algumas universidades, metade dos professores são contratados sem o título. Em outras, 80% são não doutores", diz.
Tourinho, que é pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, atribui a falta de doutores à falta de infraestrutura. "Somos um destino menos atrativo para pesquisadores que as universidades das outras regiões". Sem os doutores, no entanto, a região não participa, na mesma proporção que as demais, da divisão de recursos de ciência e tecnologia. Tourinho diz que 5% da verba para incentivo da pesquisa é destinada à região amazônica.
Outro problema apontado pela reitora da Universidade Federal de Roraima, Gioconda Martinez, é a dificuldade em abrir cursos de pós-graduação. A região não consegue formar os próprios doutores. Gioconda diz que, apenas com uma política específica voltada para a região, será possível acabar com o "círculo vicioso" e fazer com que o Norte, que tem um desenvolvimento científico e tecnológico inferior ao restante do país, passe a ter as mesmas condições que as demais regiões.
Os reitores da Região Norte devem se reunir ainda neste mês. Eles entregarão ao governo uma carta com uma série de medidas necessárias para atrair os profissionais. Entre elas, pagamento de bolsas e abertura de editais específicos de inovação tecnológicas para o Norte. O projeto já está pronto.
"Nele detalhamos as medidas necessárias e os custos. O custo para executá-lo é menor que o custo de contratar mestres e formá-los. Não se trata de colocar mais dinheiro, mas conferir uma maior racionalidade ao recurso público", explica Tourinho.
Edição: Fábio Massalli
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