Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, Fernando Tibúrcio Peña, disse à Agência Brasil ter sido surpreendido com a decisão do Ministério das Relações Exteriores de abrir inquérito e tomar medidas administrativas para investigar a saída do parlamentar da embaixada brasileira em La Paz, depois de 455 dias. Para o advogado, a situação de Pinto Molina é de “asilado diplomático, nem refugiado nem foragido”.
“A situação do senador Pinto Molina é absolutamente legal. Ele deixou a Bolívia, em um carro oficial da Embaixada do Brasil em La Paz, foi acompanhado por outro automóvel e passou pela fronteira”, disse o advogado. “Não há o que contestar. O senador está com a saúde fragilizada e não tinha mais como ficar fechado na embaixada.”
Tibúrcio disse que Pinto Molina sofre com um cálculo renal e a separação da família, que desde o ano passado está em Brasília. Durante a viagem, de 21 horas e meia de carro, de La Paz, passando por Cochabamba, Santa Cruz de La Sierra, Puerto Suárez até chegar a Corumbá, o parlamentar pediu para o carro parar por duas vezes, porque teve náuseas e mal-estar.
“O senador foi atendido por um médico em Corumbá e depois seguiu de avião até Brasília. Ele está bastante debilitado com essa situação toda, mas muito confiante nos dias que virão”, ressaltou o advogado. “O senador se submeteu a todas as regras, impostas pelo governo brasileiro, inclusive ao procedimentos da Polícia Federal para entrar no país.”
Pinto Molina deverá conceder entrevista amanhã (27), às 15h, na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Mas, ontem (25), ele conversou com exclusividade com a Agência Brasil. Na entrevista, agradeceu o apoio da presidenta Dilma Rousseff e da sociedade brasileira.
Em nota, o Itamaraty disse ter sido informado apenas no sábado (24) sobre o ingresso do senador em território brasileiro. No comunicado, o ministério informou que está “reunindo elementos acerca das circunstâncias em que se verificou a saída “ do parlamentar da Bolívia.
Segundo o texto, o encarregado de Negócios do Brasil em La Paz, ministro Eduardo Saboia, foi chamado a Brasília para esclarecimentos. “O Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis”, encerra a nota.
Pinto Molina, de 53 anos, ficou abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia desde maio de 2012. Ele pediu asilo ao país por se considerar um perseguido político pelo governo do presidente Evo Morales. O senador negou as acusações de envolvimento em desvios de recursos e corrupção. Segundo ele, a perseguição é “política e não da Justiça” da Bolívia.
Edição: Graça Adjuto
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