Governo do Rio demite servidores que participaram de manifestação na Câmara

23/08/2013 - 23h37

Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O governo do estado do Rio demitiu hoje (23), em ato publicado no Diário Oficial, Leandro Carlos de Souza e Maicon Justino de Jesus. Servidores com função em comissão (FC), lotados na Secretaria de Governo, os dois foram exonerados por participarem de manifestação durante o expediente de trabalho, sem autorização, durante a primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  dos Ônibus feita ontem (23) na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Souza e Jesus ocupavam as galerias da Câmara Municipal do Rio com outros manifestantes a favor da CPI dos Ônibus e entraram em discussão e confronto com os manifestantes que se posicionavam contrários à comissão.

Do lado de fora do Palácio Pedro Ernesto, os servidores participaram de uma briga entre manifestantes, que resultou na prisão de 11 pessoas, que foram levadas para a 5ª Delegacia Policial, na Avenida Mem de Sá. Nove dos detidos eram a favor da CPI e dois contrários à instalação. Durante a briga, quatro jornalistas foram agredidos, causando ferimentos sem gravidade.

Por meio das imagens da Câmara, mais sete servidores lotados na Secretaria Estadual de Habitação foram identificados e também serão exonerados do cargo na próxima segunda-feira (26) por terem se ausentado do trabalho sem autorização de seus superiores. 

A manifestação na Câmara também fez com que o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, se reunisse esta manhã com a presidente da Juventude estadual (um dos núcleos estaduais do partido), Jéssica Ohana, de 21 anos, que discutiu nas galerias da Câmara com manifestantes contrários à CPI. “Jéssica é um quadro extraordinário e muito querida por todos nós. Errar é humano. Erramos ainda mais quando somos jovens, mas são os erros que nos ensinam a errar menos. Vamos em frente e buscar, com mais diálogo interno, ter mais acertos do que erros”, disse Picciani.

O partido divulgou nota sobre os episódios de violência observados durante e após os trabalhos da primeira audiência pública da CPI dos Ônibus da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. "O partido não orientou, nem organizou qualquer participação de sua militância na primeira audiência da CPI dos Ônibus da Câmara dos Vereadores. A ação que ocorreu foi individual e o partido repudia atos de violência e qualquer tipo de agressão à liberdade de imprensa".

Picciani também determinou, na tarde de hoje, por escrito, aos dirigentes e lideranças dos núcleos do partido – Juventude, Mulher, Afro, Verde e Sindical – que não promovam ações sem prévia discussão com a executiva do partido.

O presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Fellipe (PMDB), recebeu, na tarde de hoje, a notificação da juíza Roseli Nalin, da 5ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que suspendeu ontem (22) os trabalhos da CPI dos Ônibus e deu prazo de 48 horas para que o presidente da Casa dê as informações solicitadas pela magistrada sobre a composição da comissão, que investiga a atuação das empresas de ônibus que operam no município com a prefeitura do Rio. Felippe disse que vai se pronunciar até a tarde da próxima segunda-feira (26) e depois aguardará a decisão da Justiça.

Edição: Fábio Massalli

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