Cardiologistas lançam campanha de alerta sobre riscos para fumantes passivos

23/08/2013 - 19h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) promove, na próxima semana, em sua página na internet, campanha de alerta para os riscos do tabagismo, com ênfase no fumante passivo. Na quinta-feira (29), Dia Nacional de Combate ao Fumo, a SBC divulgará, em sua página de Prevenção, uma série de ações voltadas para crianças e adolescentes, chamando a atenção para o problema.

O objetivo da campanha é ratificar o que a entidade vem fazendo para conscientizar as pessoas da importância de parar de fumar e dos riscos deste hábito para o fumante passivo, sobretudo crianças e adolescentes, disse hoje (23) à Agência Brasil o diretor  de Promoção da Saúde Cardiovascular da SBC, Carlos Alberto Machado. “Na casa em que os pais fumam, o risco de os filhos fumarem é maior”, alertou Machado.

Segundo o médico, há cerca de três anos, a revista científica New England mostrou que, em uma casa onde há um fumante, os demais moradores têm  31% a mais de risco de sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico, ou seja, um derrame isquêmico, do que uma pessoa que mora em um ambiente livre do tabaco.

Machado advertiu para o agravamento dos problemas gerados pelo fumo, levando em conta o fato de a população brasileira estar envelhecendo e com expectativa de vida maior. “Estima-se que, em 2050, teremos no Brasil perto de 100  milhões de pessoas com mais de 50 anos. Se não houver ações de prevenção de doenças e promoção de saúde agora, teremos uma população de idosos doentes. E não vai ter sistema de saúde – nem público, nem privado – que possa atender a essa demanda, nem se conseguirá pagar essa conta.”

De acordo com o médico, as medidas restritivas que vêm sendo impostas ao hábito de fumar fazem com que a indústria do tabaco volte seu marketing para as crianças e os adolescentes. Machado lembrou que, nos bares e padarias, em geral, os pontos de venda de cigarros ficam situados nos caixas, perto dos locais onde estão as balas e os chocolates, nuito procurados pelo público infantil. Por isso, as campanhas da SBC defendem que os cigarros fiquem escondidos e “não à vista das crianças”.

Pesquisa recente feita pela SBC na cidade de São Paulo com cerca de 3 mil alunos da rede pública de ensino, na faixa de 10 anos a 19 anos, mostrou que 10% deles fumam, influenciados pelo exemplo que têm em casa. “As pessoas, hoje, estão começando a fumar cada vez mais cedo, por causa da pressão da indústria do tabaco”, ressaltou Machado.

O cardiologista alertou que, se o cigarro representa riscos para o fumante passivo adulto, no caso de crianças, o perigo é maior. Por isso, pais e professores não podem fumar na frente das crianças, para as quais são modelo de comportamento. “Porque, senão, eles estão estimulando esse hábito.”

Quando alguém fuma, explicou o médico, inala mais de 4 mil substâncias, das quais as mais conhecidas são a nicotina e o monóxido de carbono. “Isso altera toda a parte imunológica da criança, diminui suas defesas, aumenta os riscos de pneumonia, bronquite, asma, de infecção, de maneira geral." Segundo Machado, o adulto que fuma em casa acaba expondo as crianças e os adolescentes a doenças.

Além de provocar problemas de saúde, o fumo pesa no bolso do consumidor. Machado destaca que uma pessoa que fuma um maço de cigarros por dia, durante dez anos, gasta R$ 9 mil nesse período, “sem perceber”, dinheiro que poderia ter outra destinação. “O fato de ela comprar cigarro vai pesar no bolso dela e, depois, para o governo e os planos de saúde, por causa das complicações lá na frente, como a doença pulmonar obstrutiva crônica. Isso sem contar o risco cardiovascular”, alertou.

Machado lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) informa, periodicamente, os principais fatores de risco de morte:  hipertensão, sedentarismo e tabagismo. “É um dado extremamente importante e preocupante.”

De acordo com cartilha distribuída pela SBC, os danos causados pelo tabagismo a pessoas que não fumam atingem crianças com menos de 5 anos, em 40% dos casos. A cartilha foi distribuída em locais públicos, como unidades básicas de saúde e escolas, no Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, e está disponível no portal da entidade.

Edição: Nádia Franco

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