Expectativa de atendimento rápido causa superlotação de hospitais públicos

21/08/2013 - 10h33

Thais Leitão
Enviada Especial da Agência Brasil/EBC

Rio Preto da Eva (AM) - É preciso mudar a cultura da população brasileira de correr sempre para o hospital quando há um problema de saúde. A opinião é do diretor-geral Ricardo Honorato, do Hospital Thomé de Medeiros Raposo, na cidade amazonense de Rio Preto da Eva (AM), a 80 quilômetros de Manaus. Segundo ele, na unidade de saúde que recebe casos de urgência e emergência de várias cidades da região são feitos, diariamente, cerca de 100 atendimentos. A maioria corresponde a casos que poderiam e deveriam ser resolvidos em postos e centros de saúde.

"A população ainda reluta em procurar as unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada do sistema [Único de Saúde, o SUS]. Primeiro, porque, em geral, elas atendem por meio de fichas e senhas e as pessoas têm que acordar muito cedo para conseguir uma vaga; segundo porque a população acha que se chegar no hospital, mesmo que seja uma unidade voltada a urgências e emergências e o seu caso não corresponda a isso, o médico tem que atendê-lo na hora em que chegar e não é assim. O hospital atende por prioridade, segundo a gravidade do caso", disse o diretor.

Ele também enfatizou que o índice de eficiência, considerado baixo, das ações nas unidades básicas de saúde contribuem para que os brasileiros sintam-se "mais seguros correndo para um hospital". "Muitas [unidades básicas] não estão equipadas e não têm estrutura para fazer inalação, curativos, pequenas suturas, observação por oito horas", acrescentou Honorato.

No Hospital Thomé de Medeiros Raposo, cada plantão de 24 horas conta com apenas um clínico geral para atender os casos de urgência e emergência. A maioria deles está ligada a acidentes de trânsito, ferimentos por arma de fogo ou arma branca e crises cardíacas. A estrutura é considerada suficiente para fazer o primeiro atendimento: o hospital conta com desfibrilador, central de oxigênio e de ar comprimido, além dos medicamentos necessários. Quando o caso exige cuidados mais complexos, as duas ambulâncias da unidade transferem o paciente para hospitais da capital Manaus.

Ele ressaltou, no entanto, que por falta de profissionais especialistas para atender as urgências e emergências, as duas salas de cirurgias ficam ociosas a maior parte do tempo. No local, são feitas apenas cirurgias eletivas duas vezes na semana. Nos demais casos, as salas permanecem fechadas. "Se tivéssemos um cirurgião-geral aqui, poderíamos transferir para Manaus menos pacientes, porque poderíamos fazer por aqui alguns desses procedimentos", destacou Honorato.

Para fortalecer a atenção básica no país, o Ministério da Saúde lançou, em julho, o Programa Mais Médicos. Criada por medida provisória, a iniciativa tem o objetivo de levar esses profissionais a regiões carentes, como municípios do interior e periferias das grandes cidades. Além disso, o governo pretende investir R$ 15 bilhões, até 2014, na construção, ampliação e reforma de hospitais, unidades básicas, unidades de pronto-atendimento e hospitais universitários.

Edição: Marcos Chagas

Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. É necessário apenas dar crédito à Agência Brasil.