Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Em encontro que durou pouco mais de uma hora, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, definiram detalhes da visita que a presidenta Dilma Rousseff fará aos Estados Unidos em outubro. Na visita, Dilma terá honras de chefe de Estado aos Estados Unidos, homenagem concedida pelos americanos a poucas autoridades. Ela será recebida na Casa Branca com tapete vermelho e homenageada com um jantar de gala. O último brasileiro recebido dessa forma foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995.
Na conversa com o secretário de Estado americano, Patriota reiterou que é necessário conceder ao Brasil os benefícios previstos nas relações nas quais há parceria estratégica e manifestou preocupação com o esquema de espionagem a dados de cidadãos e autoridades brasileiras.
Kerry, por sua vez, tentou minimizar os impactos das denúncias sobre o monitoramento e elogiou o papel do Brasil no cenário internacional e os esforços na adoção de políticas de desenvolvimento sustentável.
“Os Estados Unidos reconhecem o papel de liderança do Brasil no cenário internacional, atuando em operações de paz e de estabilização. O Brasil forneceu mais de 1.400 pessoas fardadas para as ações de paz no Haiti”, resumiu Kerry, em entrevista coletiva concedida ao lado de Patriota, no Palácio Itamaraty.
Ao se referir à parceria estratégica entre os dois países, Kerry disse esperar que sejam firmados acordos além do interesse comercial, como o que trata do acesso à tecnologia de ponta. Na reunião, mencionou-se o fato de estar em curso uma negociação com a França relativa à transferência de tecnologia para a construção de um submarino nuclear no Brasil.
Antonio Patriota ressaltou, durante o encontro, o esforço brasileiro para superar o déficit na balança comercial com os Estados Unidos. Kerry, no entanto, demonstrou preocupação com o fato de a China ser a primeira parceira comercial do Brasil, seguida pelos Estados Unidos. Nos últimos cinco anos, o fluxo de comércio entre Estados Unidos e Brasil aumentou 11,3%, passando de US$ 53,1 bilhões para US$ 59,1 bilhões. Em 2012, os Estados Unidos foram o maior investidor estrangeiro no Brasil.
O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, citou, durante o encontro, a habilidade e a capacidade das empresas brasileiras, principalmente no setor de agronegócios, para desenvolver parcerias com as norte-americanas, sem provocar disputas. Temas como este deverão constar da agenda durante a visita de Dilma a Washington, em 23 de outubro.
Edição: Nádia Franco
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