Onip e IBP querem mais empresas brasileiras no fornecimento de conteúdo local nos leilões de petróleo e gás

12/08/2013 - 21h34

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Com recursos da participação das empresas em inovação tecnológica, a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) trabnalham para que as empresas nacionais a desenvolvam, em um período de dois a três anos, materiais e equipamentos a fim de atender à necessidade de conteúdo local, nas licitações para exploração de petróleo e gás. Esse processo já está em andamento e envolve cinco operadoras de petróleo, disse hoje (12) à Agência Brasil o superintendente da Onip, Luís Mendonça.

Os recursos para o desenvolvimento desses equipamentos virão das operadoras, disse Mendonça. Segundo ele, elas apoiam a indústria fornecedora nacional a desenvolver tecnologias que atualmente são importadas. O superintendente explicou que ao dominar essas tecnologias, o Brasil terá condições de modificar e melhorar o projeto, elevar o nível de inovação e do conteúdo tecnológico e aumentar o uso de mão de obra qualificada para a fabricação e a montagem desse tipo de equipamentos. “Significa mais empregos para engenheiros projetistas”, disse.

Luís Mendonça participou de seminário sobre os desafios para o cumprimento dos índices de conteúdo local nos leilões de petróleo e gás promovidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Hotel Mercure Botafogo Mourisco, na zona sul do Rio de Janeiro. Segundo ele, algumas compras ainda são feitas no exterior, porque não há empresas que façam isso no Brasil ou porque a indústria nacional não tem escala. Turbinas a gás e compressores centrífugos são exemplos de equipamentos específicos comprados no mercado externo, informou.

No caso de uma plataforma de petróleo do tipo FPSO (sigla em inglês para floating, production, storage and offloading), ou seja, navio com capacidade de processar, armazenar e escoar a produção de petróleo ou gás natural, o superintende da Onip explicou que 65% do valor ficam no Brasil e 35% vão para o exterior, sendo que até 15% dessa parcela não conseguirão ser feitos no país.

De acordo o superintendente, os percentuais de conteúdo local variam de acordo com o contrato de concessão. O cumprimento do índice pelas empresas que ganham as licitações depende, disse Mendonça, do nível de esforço que as companhias façam no mercado interno para desenvolver fornecedores. “A gente só vai sentir isso com o tempo”, estimou. Ele destacou que na questão interna, os fabricantes nacionais têm chance de conseguirem, em um prazo curto, ultrapassar todas as questões que possam atrapalhar a competitividade.

Fora dos muros das fábricas, há problemas que precisam ser solucionados, como os de tributação, logística e de infraestrutura, “que estão sendo tratados pelo governo”. Reconheceu, porém, que nesse caso, a solução “talvez demore um pouco mais”. Lembrou, também, que a competição é desigual entre fornecedores nacionais e estrangeiros, caso da China, por exemplo. Destacou que a concorrência é mais nociva no caso de equipamentos com baixo conteúdo tecnológico, que geram grande volume de produção, como válvulas industriais, conexões, tubulações, em que os chineses têm alta produtividade e preço mais barato. “Na área de alta tecnologia, não tem concorrência predatória”, observou. O superintendente da Onip acredita que quando os dois primeiros problemas estiverem solucionados, “a questão internacional fica mais fácil”.

O primeiro leilão para exploração de petróleo e gás na área do pré-sal, marcado para outubro próximo, na avaliação de Mendonça, vai contribuir para motivar a indústria nacional. Com a volta dos leilões sendo efetuados no Brasil, este ano, após um intervalo de cinco anos, isso ganha uma nova dinâmica, disse. “Todas as forças das companhias estão se preparando para as próximas licitações. Isso tudo cria um ambiente positivo de negócio”. Alertou que nem sempre o nível de conteúdo local vai ser factível de se encontrar no mercado, em função, inclusive, de o próprio empresário não se sentir estimulado a fazer, caso isso represente diminuição de margem de lucro.

“O que se deve concretizar são aqueles valores de conteúdo local que o empresário se sinta atraído em fornecer, o operador se sinta atraído por comprar, porque a qualidade é boa, e a agência e os demais órgãos interessados vejam o cronograma andar e o óleo sair”. Assim, avaliou, “todo mundo fica feliz e vai ter retorno”.

Atualmente, 2,3 mil empresas de todos os tamanhos integram o cadastro geral de fornecedores da Onip. Já no CadFor, que é um cadastro mais seletivo, voltado para o atendimento a nove grandes operadoras de petróleo e contratantes, estão listados cerca de 800 fornecedores. O terceiro cadastro é denominado NaviPeças se destina especificamente à área naval. Tem em torno de 800 fornecedores e é patrocinado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

 

Edição: Aécio Amado

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