Replantio atinge mais da metade das áreas com lavouras de coca destruídas na Colômbia

08/08/2013 - 18h02

Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC

Bogotá – Em mais da metade das áreas em que as plantações de coca na Colômbia são arrancadas manualmente ou destruídas pela borrifação aérea (aspersão), observa-se o replantio de sementes de coca. Além disso, 80% do cultivo total estão concentrados em oito departamentos. Os dados fazem parte do censo anual do Sistema Integrado de Monitoramento de Cultivos Ilícitos, divulgado hoje (8) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc).

O representante do escritório no país, Bo Mathiasen, recomendou que a Colômbia invista mais em projetos sociais de renda, para evitar novas semeaduras. “Os projetos alternativos feitos em parceria com outros países e organismos internacionais devem ser incrementados para que estas populações, mais vulneráveis devido à pobreza, possam abandonar de vez o plantio de coca”, ponderou.

O censo também mostra que cada vez menos cultivadores estão processando as folhas de coca. Em 2005, 60% dos cultivadores transformavam as folhas em pasta base de cocaína. Em 2012, caiu para 30% os que continuam com o processo.

“Observamos que já não é tão rentável processar a coca, pelos riscos que isso implica, com maior controle do governo, apreensões e destruição de laboratórios”, explicou Mathiansen.

O preço da pasta básica de coca teve queda de 0,4% em relação a 2011, o que indica estabilidade. O valor da base de cocaína subiu 3,9% e o cloridrato de cocaína, caiu 2,4%. Ao contrário, as folhas tiveram acréscimo de quase 10%.

Para o Unodc, os valores explicam o menor interesse dos camponeses em processar as folhas. De acordo com o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, o processamento se concentra em grupos criminosos, como as bacrims (bandas criminais), e também em algumas guerrilhas que se financiam com a venda da droga, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército da Libertação Nacional (ELN).

O relatório aponta que a redução de 25% na área plantada de coca pode estar relacionada à migração para outras atividades, como a mineração ilegal. O ministro de Defesa diz que o governo tem “consciência” do crescimento da atividade, mas que ainda não há estimativa do real impacto dessa mudança na diminuição da coca.

“A mineração ilegal está se convertendo em uma nova fonte de renda para guerrilhas e grupos criminosos, mas isso não quer dizer que as drogas tenham deixado de ser rentáveis e que eles tenham abandonado o negócio. Só este ano, apreendemos mais de 70 toneladas de pasta base de cocaína”, disse Pinzón.

Outra preocupação do governo e das Nações Unidas é a persistência do intenso cultivo em áreas preservadas, como os parques nacionais, reservas indígenas e comunidades afrodescendentes.

 

Edição: Carolina Pimentel

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