Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje (2) que, se for comprovada a participação de policiais militares no desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, eles serão expulsos e levados à Justiça. “[Se o inquérito apontar o envolvimento de militares], esses militares vão para a rua. Não há outra resposta a não ser rua. Além de serem apresentados à Justiça, para que respondam criminalmente”, declarou Beltrame, durante entrevista à imprensa para detalhar a ocupação da Favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocorrida no início da manhã.
O secretário comentou a declaração da ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que disse hoje haver tendência de participação de policiais militares no sumiço de Amarildo. “Eu respeito a opinião da ministra, mas o instrumento constitucional brasileiro para apurar esses fatos é o inquérito policial. Acho que não há que se antecipar juízo de valor. Qualquer coisa feita fora do inquérito policial é especulação e isso prejudica a todos nós.”
O pedreiro desapareceu no dia 14 de julho, após ser levado por policiais militares, da casa dele na Rocinha, para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, no bairro de São Conrado, na zona sul do Rio.
Beltrame também falou sobre as constatações feitas pela Polícia Civil de que duas câmeras de monitoramento da UPP não estavam funcionando no dia do desaparecimento de Amarildo e o fato de que dois equipamentos de GPS [Sistema Global de Posicionamento] das viaturas policiais estarem desligados.
“As questões do GPS e das câmeras serão carreadas para dentro das investigações e explicações terão de ser dadas. O que eu posso dizer à sociedade é que não haverá, por parte do estado, qualquer tipo de linha de investigação que não será exaurida. Nós temos que dar essa resposta, porque vai fazer com que a gente consiga maior legitimidade do nosso trabalho em relação à população. Não pode um fato desses macular um trabalho de seis anos que vem mudando índices de criminalidade e a vida das pessoas no estado.”
A discussão sobre a desmilitarização da Polícia Militar do Rio, como vem reivindicando parte da população durante as manifestações de rua, foi comentada pelo secretário que considera o debate sobre o assunto positivo. “Desmilitarizar a Polícia Militar não significa, necessariamente, que vai melhorar a polícia. O que eu sou favorável é que se discuta isso, não há qualquer problema. Até porque isso foi sempre muito pouco discutido. São coisas que têm de ser amadurecidas. Pode ser resolvido mudando o regulamento da própria polícia. Tem que se discutir qual a melhor solução para a sociedade”, disse.
O prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que também participou da entrevista, comemorou a ocupação policial da Favela da Mangueirinha, comparada por ele como "o Complexo do Alemão da Baixada Fluminense". Cardoso ressaltou, no entanto, a necessidade de também haver uma presença social na comunidade, com geração e distribuição de renda, substituindo o lucro gerado pelo tráfico de drogas.
Edição: Aécio Amado
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