Divisão de Homicídios do Rio vai priorizar investigação do desaparecimento do pedreiro Amarildo

01/08/2013 - 18h50

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A investigação do desaparecimento do pedreiro Amarildo foi transferida da 15ª Delegacia Policial (DP) para a Divisão de Homicídios (DH). Morador da Favela da Rocinha, ele desapareceu no dia 14 de julho, depois de ser levado por policiais militares para a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, no bairro de São Conrado, na zona sul carioca.

O delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, disse que tem ordens superiores para tratar o caso como prioridade total. Ele informou que recebeu hoje (1º) o relatório da 15ª DP, onde foi registrada a ocorrência, após reunião com parentes do pedreiro na sede do Ministério Público do estado (MP-RJ), coordenada pelo procurador-geral Marfan Vieira. “Estamos alinhados com o Ministério Público para procurar a maneira mais rápida para dar uma resposta satisfatória à família, à comunidade e a toda a sociedade”, declarou.

O delegado ressaltou que a investigação não descarta nenhuma hipótese sobre o que aconteceu com o pedreiro. “A Divisão de Homicídios pergunta: cadê o Amarildo? A gente quer saber e vai atrás para saber”, disse. Rivaldo Barbosa disse que a reunião foi “extremamente produtiva” e permitiu que se estreitassem os laços com a família de Amarildo, representada no encontro pelos filhos Leonardo e Emerson, e a sobrinha Michele.

Hoje pela manhã, o delegado informou que fez a primeira diligência na Rocinha “para entender toda a dinâmica do evento” e para poder traçar as linhas da investigação que será feita a partir de agora. O promotor do Ministério Público (MP), Homero das Neves Freitas Filho, vai trabalhar com a Divisão de Homicídios no caso. Ele vai tomar conhecimento dos detalhes do inquérito e, depois, vai trabalhar junto com a polícia.

Homero não descartou que poderá apoiar a recomendação feita pelo coordenador de Direitos Humanos do MP do Rio, Márcio Mothé, de afastamento do comandante da UPP da Rocinha. “As instâncias do Ministério Público são estanques. Na realidade, quem cuidava do inquérito nesses 15 dias era a doutora Marisa Paiva. Eu começo hoje. Mas, se eu achar que ele tem que ser afastado, endosso a recomendação do Márcio Mothé e vou me movimentar, se necessário até judicialmente, para isso. Por enquanto, não posso dar nenhum tipo de opinião em relação a isso”.

Apesar de deixar claro que a decisão de afastar o comandante da UPP compete ao comando da Polícia Militar e ao Secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, o promotor disse que poderá intervir. “Podemos ter algum tipo de opinião em cima disso”. Ressaltou, porém, que necessita saber o que ocorreu e o que consta do inquérito. O delegado Rivaldo Barbosa vai avaliar com a família do pedreiro as medidas que serão tomadas para a proteção dela, mas o promotor garantiu que tudo será sigiloso, “até para a própria proteção deles”.

Os filhos de Amarildo e a sobrinha estavam acompanhados, entre outras pessoas, do deputado estadual Geraldo Pudim. O parlamentar vai entrar amanhã (2) na Justiça com pedido de antecipação de tutela, uma vez que “Amarildo estava sob tutela do estado e era mantenedor da família”, requerendo pensão para os filhos e a mulher do pedreiro, bem como aluguel social. O valor da pensão deverá ser estipulado em parceria com a mulher do pedreiro, disse o deputado.

Na avaliação do procurador-geral do MP Estadual, Marfan Vieira, o caso está bem encaminhado. “Eu tenho muito boa expectativa com relação a um esclarecimento desses fatos, em um prazo razoável, muito embora reconhecendo que seja uma investigação muito complexa”, disse. Assegurou que será desenvolvido um trabalho sério de inteligência que o caso requer. “Tem que ter persistência”, completou.

 

Edição: Aécio Amado

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