Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Depois de uma luta que durou vários anos e de uma desocupação traumática no último mês de março, feita com violência policial e uso de bombas de gás, os índios poderão finalmente comemorar a retomada do prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. Antecipado na última segunda-feira (29) pelo governador Sérgio Cabral, a devolução do imóvel aos índios começou a ser concretizado ontem (30), após reunião entre a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes, e diversas lideranças indígenas.
A informação foi divulgada hoje (31), em nota da Secretaria Estadual de Cultura. Segundo o texto, estiveram presentes ao encontro com a secretária representantes de diversas etnias, incluindo Afonso Apurinã, Carlos Tukano, Garapirá Pataxó, Marize Guarani e Iracema Pankararu. Ficou decidido que haverá uma nova reunião no próximo dia 6, para começar a definir a elaboração do projeto, como nome, estrutura, cronograma e modelo de gestão do futuro Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena.
Adriana Rattes propôs que o centro seja criado como uma instituição pública estadual e sugeriu que tenha na sua estrutura um conselho permanente formado por representantes do Instituto Tamoyo/Aldeia Maracanã, de índios de outras etnias que se interessarem em participar e de entidades e pessoas da sociedade civil ligadas à causa indígena.
“Os objetivos principais do centro serão os de promover, preservar e difundir a história, os valores, os conhecimentos e todos os aspectos culturais dos indígenas brasileiros, com foco especial nos grupos que vivem ou viveram nas diversas regiões do estado do Rio de Janeiro. O centro será ainda um ponto de formação, referência e apoio para os índios contemporâneos, diante dos desafios e das transformações culturais por que passam as diversas etnias em suas vivências nas aldeias e também no espaço urbano”, diz a secretaria em nota.
O prédio do antigo Museu do Índio foi construído no século 19 e abrigou o Serviço de Proteção ao Índio, comandado pelo marechal Cândido Rondon. Transformado em museu, o local teve entre seus diretores o antropólogo Darcy Ribeiro. O governo do Rio cogitou demolir o prédio, como parte das obras de reforma do Maracanã, mas, depois dos protestos, desistiu e chegou a planejar a instalação de um museu olímpico no local.
Edição: Aécio Amado
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