Comerciantes de Aparecida não esperam aumento expressivo das vendas durante visita do papa

19/07/2013 - 17h55

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A visita do papa Francisco à cidade de Aparecida, no Vale do Paraíba, como parte das atividades da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), não é vista por empresários da região como um acontecimento que vá resultar em aumento expressivo dos negócios.

“Acho que o comércio terá movimento comparado ao dos finais de semana [entre sexta-feira e domingo] do segundo semestre [quando o movimento é maior]”, prevê o presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida (Acia), Ângelo Reginaldo Leite. Segundo ele, nos últimos cinco anos, as vendas têm crescido entre 10% e 15% por ano e a média de gasto individual dos visitantes oscila entre R$ 30 a R$ 40.

A maioria compra lembrancinhas como chaveiros, pequenas imagens, camisetas. O movimento é maior no dia 12 de outubro, dia dedicado à Nossa Senhora Aparecida, quando, normalmente, a cidade recebe em torno de 180 mil romeiros. Esse número é mais do que o triplo do total de habitantes, 35 mil, segundo dados da prefeitura.

Segundo Reginaldo Leite, houve uma produção voltada para atrair os devotos que irão circular pela cidade na próxima quarta-feira (24). Só que muitas dessas mercadorias, como canecas com a foto do papa e outros itens alusivos ao pontífice, acabam sendo escoadas pelo comércio local no período posterior à visita, relatou o empresário, com base em experiências na vinda dos dois papas anteriores, João Paulo II e Bento XVI.

Como parte da JMJ, que ocorrerá no Rio de Janeiro, cerca de 2 mil jovens de 25 países estão em Aparecida para a Jornada da Juventude dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada (OMI).

“É até bonito ver esses jovens com roupas em que mostram as cores das bandeiras de onde eles vem. Eu pude identificar alguns vindos da Venezuela, do Paraguai, do Peru e de outros países sul-americanos”, conta o presidente do Sindicato do Comércio Ambulante, João Luiz Mota, que também é titular da Secretaria da Indústria, Comércio, Comércio Ambulante e Serviços. Ele também não acredita em crescimento do consumo por causa da visita do papa.

Segundo ele, as visitas de João Paulo II e Bento XVI “não foram tão positivas assim para o comércio local”. Mota disse que, além de 2 mil barracas disputando clientes entre os visitantes, deve haver mais de 300 pessoas que vendem produtos diversos em carrinhos na rua, como sorvetes, milho e sucos.

João Luiz da Mota acredita que parte da demanda virá das cidades vizinhas. Ele acrescentou ainda que a maioria dos fiéis terá de assistir à missa do lado de fora, por meio de telões, o que deverá desestimular muitos que estavam planejando se deslocar de longe.

O presidente do Sindicato dos Hotéis e Restaurantes de Aparecida e Vale Histórico (Sinhores), Ernesto Elache, informou que, faltando menos de uma semana para a visita, até o último dia 18, ainda havia entre 12% a 15% de leitos desocupados. Nos 176 hotéis da cidade, existem 33 mil leitos. Segundo ele, ao longo de todo o ano passado, 11,6 milhões de turistas passaram por Aparecida e, normalmente, a partir de julho cresce o movimento. Neste mês, alguns dos hóspedes não são atraídos pela fé, sim pelo Festival de Inverno de Campos do Jordão. Muitos procuram as hospedagens em Aparecida em busca de preços mais baixos.

Edição: Juliana Andrade

Todo conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir a matéria, é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil