Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Os acordes de um violão e as vozes de um grupo de jovens, em sua maioria oriundos de países da América Latina, quebraram, nesta terça-feira (16), o silêncio característico das salas de espera de consultórios médicos, tornando mais agradável o tempo em que dezenas de pacientes aguardam atendimento no ambulatório do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Essa foi a primeira etapa da missão de 20 integrantes do Magis, o encontro que antecede a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a ser realizada no Rio de Janeiro de 23 a 28 de próximos, com a presença do papa Francisco. Os jovens cantaram o hino do Magis e, mesmo sem saber falar português direito, interpretaram canções da música popular brasileira para animar os pacientes.
Formada por jovens do Chile, do Uruguai, da Argentina, da França e da Lituânia, a turma que visitou o hospital paulistano é parte do grupo de 2 mil jovens encarregados de atividades diversas em 40 cidades brasileiras. Depois de passar por Salvador, eles vieram para São Paulo e estão hospedados no Colégio São Luís, da Ordem dos Jesuítas, na região da Avenida Paulista. O grupo vai para o Rio no próximo sábado (21).
“É importante que eles conheçam a realidade, as dificuldades dos mais pobres, para pensar em soluções em um processo de globalização. Esse intercâmbio ajuda a estreitar laços e pensar um mundo diferente”, disse a professora Lia Adriani, assessora da Formação Cristã do Colégio São Luís.
Além de passar pelo saguão do ambulatório do IOT, visitar os doentes internados, os jovens promoveram brincadeiras com as crianças em tratamento de reabilitação física. “Temos uma parceria com o Colégio São Luís, que sempre envia alunos a este hospital, e aqui eles ajudam no trabalho voluntário de alegrar os pacientes, crianças, adolescentes, adultos e idosos”, ressaltou a coordenadora do Serviço de Terapia Ocupacional do IOT, Maria Cândida Luzo. Com atividades lúdicas, fica mais fácil fazer com que os pacientes repitam exercícios necessários à sua reabilitação física, disse Maria Cândida.
Em São Paulo, os jovens visitarão ainda a Cooperativa de Materiais Reaproveitáveis (Coopere), tocada por moradores de rua, na Mooca, onde ajudarão a selecionar materiais recicláveis. Rytis Bagdonas, de 19 anos, nascido na Lituânia e residente na França, demonstrou alegria em participar do encontro. Conviver com adversidades não é novidade para Bagdonas, que teve de deixar seu país por causa da dificuldade para achar trabalho, e procurar melhores condições de vida na França, onde faz curso técnico de mecânica.
Já a uruguaia Verônica Bonino disse ter esperança de que a união de jovens de todos os países resulte no futuro em um mundo sem violência. “Que haja menos criminalidade”, defendeu. Para a argentina Estefania Kinen, o problema da violência pode ser resolvido com “mais fé, comunicação e respeito”.
As diversas atividades preparadas pela Ordem dos Jesuítas em São Paulo envolvem cerca de 400 jovens, vindos também de países, como os Estados Unidos, o Camboja, o Egito, a Bélgica, a Croácia, as Ilhas Maurício, a Nigéria, a Tanzânia, o Equador, Porto Rico, a China e Singapura.
Outras missões dos jovens que estão em São Paulo são a criação de uma horta na favela de Heliópolis, a promoção de atividades culturais e oficinas de treinamento para construção civil com moradores de rua no Arsenal da Esperança, na Mooca, e visita a pacientes internados para tratamento de câncer. Em Pedra Bela, a 12 quilômetros da capital, um grupo acompanha o dia a dia de carvoeiros. Outras turmas iniciaram hoje peregrinação, partindo de cidades do litoral.
As atividades do Magis, termo que, em latim, significa o maior, também estão sendo desenvolvidas em outros estados como Ceará, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e Amazonas.
Edição: Nádia Franco
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