Gilberto Costa*
Enviado especial da Agência Brasil/EBC
Leipzig (Alemanha) – As direções das duas legendas que formam o governo do primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho reúnem-se separadamente neste sábado (6), em Lisboa, para tratar da manutenção do gabinete, ameaçado há cinco dias desde a saída do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, que pediu demissão “obedecendo a consciência” e em caráter “irrevogável”.
Conforme a agência Lusa, os dois políticos teriam chegado a um entendimento ontem (5) após duas reuniões e Passos Coelho já haveria apresentado ao presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, uma solução para o impasse.
Há cerca de um ano, Paulo Portas e o seu partido, Centro Democrático Social – Partido Popular (CDS-PP), mantêm a estratégia política de tentar se diferenciar de Passos Coelho e da sua legenda, Partido Social Democrata (PSD), por causa das impopulares medidas de austeridade do programa de ajustamento econômico executado pelo governo e acordado em memorando com o Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia (grupo de instituições que formam a Troika).
Desta vez, a ameaça de rompimento ocorre porque Portas não concordou com a escolha de Maria Luís Albuquerque (ex-secretária do Tesouro) para o Ministério das Finanças, em substituição ao economista Vitor Gaspar. A avaliação do aliado é que a nomeação representa continuidade da política de restrito controle fiscal com consequências recessivas para a economia, que já diminui de tamanho há dez trimestres.
O Jornal de Negócios divulgou na noite de ontem (5) pelas redes sociais que o acordo alcançado entre Pedro Passos Coelho e Paulo Portas inclui a manutenção do ministro no governo assumindo o cargo de vice-primeiro-ministro com a responsabilidade da coordenação econômica.
Conforme o jornal, Portas deixaria o Ministério dos Negócios Estrangeiros (equivalente ao Ministério das Relações Exteriores no Brasil) e seria substituído pelo vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva.
O governo, a Presidência da República e nem os partidos políticos confirmam o arranjo político. Em entrevista à agência Lusa, Moreira da Silva disse que o entendimento alcançado entre Passos Coelho e Portas "é uma solução que reforça os níveis de confiança, de coesão e de estabilidade nesse governo e é essa resposta que os portugueses esperam para a estabilidade que assegure o cumprimento do memorando de entendimento e da abertura para uma fase de crescimento e de emprego".
*O repórter está em Leipzig a convite da CNI para o WorldSkills Competition
Edição: Carolina Pimentel
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