EBC apresenta plano estratégico ao Conselho de Comunicação Social do Congresso

01/07/2013 - 20h50

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Os projetos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para os próximos dez anos foram apresentados hoje (1º) ao Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, em audiência pública. O plano estratégico para o decênio 2012/2022 foi debatido com os conselheiros pelo presidente da EBC, Nelson Breve, e pela presidenta do Conselho Curador da empresa, Ana Fleck Saibro.

O plano prevê uma rede de transmissão que permita levar a TV Brasil em canal aberto digital para todas as cidades do Brasil com mais de 100 mil habitantes. Além disso, os projetos tratam de inovação tecnológica e investimento na melhoria da gestão da empresa, com capacitação de funcionários e reorganização dos processos administrativos.

“Nós precisamos organizar os nossos processos, precisamos treinar as pessoas, qualificar as pessoas para esses novos desafios que estão aparecendo. Nós estamos com 700 novos funcionários que chegaram há menos de um ano. Estamos trocando mais de 50% da nossa força de trabalho em um período muito curto e isso dá um tranco muito grande na empresa. É preciso que a gente tenha uma arrumação interna muito forte para  superar esses desafios”, disse Nelson Breve.

Em relação aos produtos oferecidos pelos veículos da EBC, o presidente disse que devem estar sustentados em um tripé que inclui programação infantil de qualidade, que transmita valores de cidadania às crianças; jornalismo isento e que ofereça a melhor informação de maneira plural e sem partidarismos; e entretenimento que una lazer e conteúdo informativo. “Esse é o tripé que dá solidez à comunicação pública”, ressaltou.

Para executar os projetos nos próximos dez anos, entretanto, será necessário um incremento no orçamento anual da EBC. Segundo Nelson Breve, somente a proposta de levar a rede digital às cidades com mais de 100 mil habitantes consumirá mais que o orçamento anual da empresa. O presidente estima que será preciso dobrar o aporte de recursos anuais para atingir as metas estabelecidas no Plano Estratégico da EBC. Em 2013, o orçamento autorizado para a empresa foi R$ 516,7 milhões.

“Nós estamos brigando por isso sabendo que é uma briga quase injusta. Porque como que, no momento de contenção no orçamento, você vai falar de comunicação pública, de TV, de rádio, quando as pessoas estão pedindo mais recursos para a saúde, a educação e a assistência social? É quase injusto falar disso. Mas nós sabemos da importância da comunicação pública para a formação da cidadania e para o melhor exercício da democracia, nós sabemos como isso é importante”, defendeu o presidente da EBC.

A questão do financiamento do plano decenal também preocupa a presidenta do Conselho Curador, Ana Fleck Saibro. Segundo ela, a empresa acaba de sofrer um corte orçamentário de R$ 30 milhões e precisa buscar outras formas de financiamento.

“Precisamos diversificar as formas de financiamento, as alternativas de orçamento, para depender cada vez menos do orçamento público, acho que esse é o caminho. É uma discussão que se faz desde sempre na comunicação pública. Mas acho que esse é o caminho: ficar o mais livre possível do orçamento [público], gradativamente”, disse.

De acordo com Ana Fleck, nos próximos anos, será necessário que a EBC trabalhe para modificar o atual modelo de radiodifusão brasileiro, que ainda é fortemente comandado pela iniciativa privada. Na opinião dela, no que se refere ao conteúdo, o maior desafio será na programação infantojuvenil. A presidenta do Conselho Curador disse que conseguir abrir o canal de diálogo com os jovens irá requerer criatividade e inovação.

“É uma constatação que a programação juvenil ainda é muito falha. Não só na EBC. Eu já conversei com o diretor de Programação e há uma dificuldade nas feiras internacionais de se identificar e se comprar programação infantojuvenil”, disse.

 

Edição: Carolina Pimentel

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