Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A Polícia Civil confirmou esta noite que aumentou para dez o número de mortes na ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte da cidade. A operação para combater traficantes começou na noite de segunda-feira (24). A décima vítima é José Everton Silva Oliveira, de 21 anos, que estava internado no Hospital Federal de Bonsucesso. Segundo a polícia, na ficha criminal de José Everton consta uma prisão por porte ilegal de arma de fogo e uma apreensão por roubo seguido de morte quando ainda era adolescente.
A Corregedoria Interna da PM abriu hoje (26) um inquérito para apurar a conduta dos policiais do Bope durante a operação na favela Nova Holanda, que resultou na morte de dez pessoas, entre elas, um sargento do Bope, três moradores sem ficha criminal, de acordo com a própria PM, e cinco homens suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas na região.
A medida foi anunciada após encontro do chefe do Comando de Operações Especiais, coronel Hugo Freire, com lideranças do Complexo da Maré e rerpresentantes da organização não governamental (ONG) Observatório de Favelas, que atua dentro da comunidade. Também participaram da reunião equipes da Corregedoria Interna da PM. Os moradores detalharam denúncias de arbitrariedades do Bope durante a ação na favela. Eles também defenderam a necessidade de mudar a política de confronto nas comunidades carentes do Rio.
O representante do Observatório de Favelas, Raquel Viladino, disse que o objetivo principal do encontro foi pedir que a Polícia Militar repense essas ações de confronto que sempre resulta em ações letais. "Não é a primeira vez que a gente se deparou com ações ostensivas que resultaram em mortes. As operações não devem ser mais arbitrárias e violentas, mas sim de inteligência com respeito aos moradores de qualquer território da cidade. Nesse processo, deve-se abrir uma perspectiva de aproximação de diálogo com a comunidade e de respeito aos direitos humanos".
O coronel Hugo Freire abriu a possibilidade de novos encontros com as lideranças da comunidade. O Complexo da Maré poderá ter uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), mas sem prazo definido para a instalação. Segundo Raquel Viladino, este "seria o momento para novos diálogos a fim de evitar a violação dos direitos do cidadão e excessos na ocupação das forças de segurança do estado para instalação da UPP".
Edição: Aécio Amado
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