Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Somar, subtrair e resolver problemas com notas e moedas. Somente um terço dos alunos do 3º ano do ensino fundamental do país dominam esses conceitos matemáticos básicos, de acordo com a 2ª Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, a Prova ABC, divulgada hoje (25) pelo movimento Todos pela Educação. O estudo, que segue a escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), mostra que 33,3% atingiram pontuação acima do nível 175 que indica proficiência adequada na disciplina, 37,6% ficaram entre 125 e 175 pontos e 29,1% registraram menos de 125 pontos.
A avaliação foi aplicada no final de 2012 e teve a participação de 54 mil alunos de 1.200 escolas públicas e privadas distribuídas em 600 municípios brasileiros. Metade da mostra é composta por alunos do 2º ano do ensino fundamental e o restante por estudantes do 3º ano. Além da proficiência em matemática, a pesquisa testou também habilidades em leitura e escrita. A Prova ABC é uma parceria do Todos pela Educação com a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A proporção de alunos que alcançou pontuação acima de 175 em matemática é 11,2 ponto percentual menor que a verificada em leitura (44,5%). "A gente nomeia como ciclo de alfabetização [as três séries iniciais do ensino fundamental], como se a alfabetização da língua fosse o único foco desse período. A alfabetização matemática também precisa entrar nesses anos de forma intensa, porque é esse conjunto [leitura, escrita e matemática] que vai dar condições de a criança continuar a aprender", disse Priscila Cruz, diretora executiva do Todos pela Educação.
Priscila explica que essa defasagem identificada com a Prova ABC nos primeiros anos da vida escolar, quando não solucionada, é perpetuada ao longo das séries seguintes. "No 5º ano, a diferença entre matemática e português é grande, ela fica maior no 9º ano e no ensino médio se amplia demais. Na língua portuguesa encontramos um caminho, ainda que lento, mas temos avançado. Em matemática, há muito tempo estamos com desempenho em um patamar muito baixo. A razão é o que a gente está vendo aqui [com esses dados]", explicou.
A Região Sudeste (47,4%) foi a que apresentou maior percentual de alunos com pontuação acima de 175 em matemática, seguido pela Sul (39,7%) e pelo Centro-Oeste (31,8%). No Norte, a maioria dos estudantes não tem condições de compreender as situações numéricas mais corriqueiras. Quase metades deles (48,7%) teve pontuação abaixo de 125 e apenas 16,5% têm desempenho adequado na disciplina. O quadro é parecido no Nordeste, onde 44,6% pontuaram abaixo de 125 e 18,1% alcançaram acima de 175 pontos.
De acordo com o Todos pela Educação, ao atingir o patamar de 175 pontos na escala Saeb, o aluno conseguem somar e subtrair com diferentes quantidades de algarismos, resolver problemas com unidades do sistema monetário, utilizar unidades de medidas padronizadas, identificar lados de um polígono, determinar número que estende uma sequência numérica e ler horas em relógio digital, relacionando 20h com 8h da noite. Com esses conhecimentos, ele pode seguir na trajetória escola com a aprendizagem de conceitos matemáticos mais complexos.
Assim como ocorre com os dados relacionados à leitura, há grandes diferenças entre os resultados dos estados. Enquanto 49,3% dos alunos mineiros apresentaram proficiência, apenas 9,7% dos amazonenses tiveram pontuação superior a 175. Os estados de Santa Catarina (49%) e São Paulo (48,4%) também tiveram bons resultados. O Maranhão (10%), por outro lado, apresentou percentual próximo ao do Amazonas.
O Todos pela Educação monitora cinco metas relacionada à educação que foram definidas pelo movimento para serem alcançadas até 2022. A Prova ABC avalia a meta de número 2, pela qual toda criança deve estar plenamente alfabetizada até os 8 anos. De acordo com a organização, essa será a última edição da prova, pois o Ministério da Educação adotará um instrumento próprio, a Avaliação Nacional da Alfabetização (Ana), para monitorar esses resultados.
Edição: Fábio Massalli
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