Mioma foi responsável pela internação de 12 mil mulheres em São Paulo, no ano passado

12/06/2013 - 20h29

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A cada dia do ano passado, uma média de 33 mulheres foram internadas no estado em decorrência de mioma. Um levantamento divulgado esta semana pela Secretaria Estadual de Saúde apontou que, só em 2012, 12 mil internações em decorrência de mioma ocorreram em São Paulo. Segundo a secretaria, oito em cada dez mulheres internadas por causa de mioma tinham entre 20 e 49 anos de idade.

“O mioma, antigamente chamado de fibroma uterino, é uma neoplasia benigna, assim como a verruga. É uma alteração que acontece por uma degeneração e, nesse sentido, não está diretamente relacionada à idade: pode acontecer em pessoas jovens. Mas é uma doença benigna, com característica familiar importante [geralmente é hereditário]”, disse André Luiz Malavasi, diretor médico do Centro de Referência da Saúde da Mulher - Hospital Pérola Byington, em São Paulo. Segundo o médico, entre 30% e 40% das mulheres vão ter mioma ao longo da vida.

Segundo Malavasi, por ser muito frequente, os médicos hoje consideram o mioma como uma doença somente quando ele apresenta sintomas – o que não ocorre em todos os casos. “Aquela mulher que tem mioma mas não sente nada e às vezes nem sabe que não tem mioma, não é considerado doença, mas uma alteração degenerativa normal na mulher”, declarou à Agência Brasil.

As chances de o mioma se tornar um câncer, de acordo com o médico, é nula. “A mulher não deve, em nenhum momento, se preocupar com o diagnóstico do mioma. É diferente do câncer de colo de útero, em que é preciso fazer o papanicolau todos os anos, e do câncer de mama, em que é preciso fazer a mamografia regularmente após os 40 anos. O mioma só passa a ser importante quando apresenta sintomas. Não há risco do mioma virar câncer”, explicou Malavasi, lembrando também que o risco do mioma interferir na gravidez é pequeno. “Os miomas geralmente não interferem na gravidez”.

“A maioria dos miomas é totalmente assintomática. Aqueles que causam sintomas são relacionados principalmente a sangramento, quando a mulher tem aumento do fluxo menstrual e dos dias de menstruação, e também dor na menstruação”, disse.

O tamanho dos miomas pode variar, segundo o médico. Já houve casos, raros, do tamanho do mioma ser até maior do que o de uma gravidez de nove meses, exemplificou. Quando o mioma é grande, por exemplo, outro sintoma associado pode ser a compressão da bexiga. “Quando ele [mioma] está em tamanho maior que 400 centímetros cúbicos, que seria do tamanho de um mamão, por exemplo, ele pode começar a comprimir a bexiga e o intestino. A mulher pode ter então desconforto para urinar ou para evacuar”, explicou. Outros sintomas que podem ser associados ao mioma são a infertilidade e a dor em relações sexuais. Mas, segundo Malavasi, o tamanho do mioma não implica necessariamente em sintomas.

O tratamento para as mulheres que têm miomas e apresentam sintomas é definido levando-se em conta alguns fatores como a idade, saúde geral da mulher, gravidade dos sintomas, o tipo do mioma e o desejo de engravidar. “A única forma de curar o mioma é fazer a cirurgia, retirando-o. Mas a cirurgia é a última coisa a ser feita”, disse o médico.

Caso a mulher tenha filhos e apresenta um sangramento muito intenso, o ginecologista geralmente opta em indicar o uso de medicamentos via oral que começa a diminuir o fluxo menstrual até que ela entre na menopausa, período em que o mioma tem a tendência de diminuir de tamanho. Em caso de cirurgia, pode ser feita tanto a miomectomia, para retirada apenas do mioma, caso a mulher ainda deseje ter filhos ou a histerectomia, para retirada completa do útero. A histerectomia é indicada somente nos casos em que as mulheres não desejem mais ter filhos e quando o mioma não respondeu ao tratamento clínico.

 

Edição: Aécio Amado

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