Senac forma 300 alunos de comunidade carente do Rio

06/06/2013 - 15h11

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Mais de 3 mil vagas serão oferecidas a moradores de favelas da capital fluminense nas carreiras de gastronomia, beleza e gestão. Os cursos fazem parte de uma parceria iniciada em 2010 entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Rio (Senac-RJ) e o governo do estado, cujo Termo de Cooperação foi renovado hoje (6), durante a formatura de 300 alunos na favela do Jacarezinho, zona norte.

A Gerente de Responsabilidade Social do Senac-Rio, Ana Paula Nunes, explicou que desde o início do projeto já foram capacitadas mais de 3 mil pessoas de 15 comunidades e que o foco é o mercado de bens, serviços e turismo, que atualmente emprega cerca de 80% dos trabalhadores na cidade.

“Com os grandes eventos, com a retomada da economia no Rio de Janeiro, a área administrativa, de gastronomia e de beleza, que não para de crescer, são os grandes empregadores e de fácil acesso.  A gente tem uma taxa de empregabilidade de 83% dos egressos dos nossos projetos sociais”, contou ela.

Recém-formada em design de sobrancelha e cabeleireiro, Elisângela de Matos Ferreira, está trabalhando de casa, mas pensa em abrir o próprio salão. “Antes do curso, eu só fazia unha. Agora a pessoa vai lá em casa e tem o serviço completo”, contou.

De acordo com o morador do Jacarezinho Leandro Carlos de Souza, quando as vagas foram oferecidas no início do ano, boa parte da comunidade recebeu a notícia com desconfiança. “Muitos não acreditavam nas promessas das autoridades, pois durante décadas a gente era refém do tráfico. Acho que agora vai ter fila para os próximos cursos”, disse ele, ao lembrar que a região recebeu Unidade de Polícia Pacificadora em outubro passado, mas que a população ainda receia a volta da violência armada.

Há 23 anos ensinando gastronomia no Senac-RJ, o chef de cozinha Julio Sergio Lima disse que, embora a maioria dos alunos procure o curso por necessidade, o gosto pelo ato de cozinhar é contagioso. “Tinha alunos que até queimavam a água do café. Olhavam a gastronomia como algo intangível. Hoje, no meu curso de técnica de cozinheiro, pelo menos 60% dos meus alunos já estão empregados e o restante está em processo seletivo. A necessidade é o grande trampolim, mas para ser bem-sucedido na área é preciso amor incondicional, mas esse amor surge, depois que você tem o primeiro contato”, explicou.

O chef conta que descobriu a gastronomia por meio de um curso gratuito do Senac há 23 anos. “Sou fruto de um projeto um pouco parecido com esse. Venho de uma comunidade muito simples e graças à gastronomia e ao Senac hoje mudei a história. Ajudei com o fruto do meu trabalho meus dois irmãos, um promotor e outro empresário. Por isso, levo meu trabalho muito a sério, pois meus alunos são reflexo do meu trabalho”.

Os cursos são oferecidos em unidades móveis e podem durar de um a três meses, dependendo da área de atuação.

Edição: Talita Cavalcante//Título alterado às 14h21 para esclarecer informação.

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