Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A inserção do Brasil no mercado internacional de componentes fabricados a partir de minérios raros, conhecidos como terras-raras, é um desafio que está em debate no Congresso Nacional. Hoje, representantes de mineradoras instaladas no país debateram no Senado a criação da regulação do setor.
O diretor de Tecnologia e Projetos Minerais da Vale S.A., Edson Ribeiro, destacou que o mercado aguarda a regulamentação do trabalho de exploração das lavras de terras-raras para que o Brasil posicione-se competitivamente no setor. Ribeiro destacou os desafios do mercado e a necessidade de criar demandas para o setor.
“Acreditamos que a cadeia produtiva de mineração não é gargalo, mas precisamos criar demanda. A infraestrutura, questões tributárias, percepção governamental da necessidade de investimentos e a percepção equivocada da população de riscos radioativos, além da incerteza regulatória e de preço afastam os investidores”, ressaltou o diretor da Vale.
O mercado internacional de minérios de terras-raras é dominado hoje pela China. Além de investir em exploração de lavras, o país adotou a política de agregar valor com grandes investimentos em empresas de ponta. A partir desses investimentos, os chineses desenvolveram componentes para tablets, telefones celulares, lasers, turbinas de energia eólica, catalisadores para refino de petróleo, aparelhos de ressonância magnética, mísseis teleguiados e carros híbridos movidos a gasolina e eletricidade.
No Brasil, a Petrobras é o maior comprador de minério de terras-raras para ser utilizado no processo de craqueamento – quebra de moléculas – do petróleo. Esse procedimento permite à empresa produzir quantidade maior de gasolina.
O engenheiro químico Alair Veras, da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), ressaltou que “o grande problema” na exploração da terra-rara reside na definição dos locais onde serão construídos os depósitos de material radioativos. Ele destacou que “a Cnem [Comissão Nacional de Energia Nuclear] tem problemas para definir os locais”, já que as autoridades resistem em autorizar a construção dos depósitos.
O diretor-geral da empresa Mineração Serra Verde, Paulo de Tarso Serpa Fagundes, destacou que está em andamento um projeto de mineração estratégico na cidade goiana de Minaçu. Segundo ele, o cronograma de investimentos é R$ 1,2 bilhão, em dez anos. A previsão é que a planta industrial de exploração de terra-rara esteja pronta em 2016. O objetivo da mineradora é produzir a matéria-prima para a fabricação de vidros, cerâmicas, componentes para aviação e computadores.
Financiada com capital norte-americano, a Serra Verde pretende, entre 2016 e 2023, passar da simples exploração dos minérios em terra-rara para investimentos de alta tecnologia que permitam a separação dos minérios. Isso, de acordo com o diretor-geral da empresa, daria potencial de valor agregado à empresa e permitiria maior competitividade no mercado internacional.
Edição: Denise Griesinger
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