Fórum Nacional debate desenvolvimento econômico e social das favelas do Rio

16/05/2013 - 21h08

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O desenvolvimento econômico e social das favelas cariocas esteve em debate hoje (16) no encerramento 25º Fórum Nacional, na capital fluminense. Os representantes das comunidades que participaram do painel Planos de Inclusão Econômica e Social das Favelas reivindicaram que se deixasse os discursos para tornar realidade os projetos de desenvolvimento econômico e social propostos pelos moradores dessas comunidades.

Rumba Gabriel, representante da Favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade, disse que os moradores estão cansados de ser coadjuvantes e querem passar a protagonistas do desenvolvimento da comunidade onde vivem. “É por meio da gente que ela [favela] cresce. É por meio da gente que esse sistema que está aí enriquecendo se aproveita da nossa quietude, se aproveita desse sistema que não traz uma educação de qualidade para que nós possamos esporadicamente estar em uma mesa farta e saudável como esta. Ficamos admirados de estarmos presentes aqui hoje, mas nós teríamos que estar presentes em todas as mesas que tivessem negociando e falando sobre nós”, declarou.

Mônica Francisco, da Favela do Borel, no bairro da Tijuca, defendeu a participação de representantes comunitários nas discussões de temas de interesse das comunidades. “Goste ou não, queira ou não, é preciso trazer a favela como protagonista qualificado para discutir que tipo de ordenamento a gente quer no território. Vamos legalizar, fazer regularização fundiária, discutir a contenção de construções nas áreas irregulares. Mas vamos discutir antes de normatizar, de criar decretos, porque se não fica um discurso de qualificar moradia e qualificar favela, mas com repressão ainda”, disse.

O representante do Complexo do Alemão, Alan Brun Pinheiro, cobrou o fim da relação paternalista com o Estado que, segundo ele, entra na favela e constrói equipamentos públicos sem ouvir a comunidade. “Nós queremos construir juntos, mas de fato e verdadeiro, não só na retórica. Avançamos pelo menos no macro, junto com Poder Público, nos marcos legais de que há um processo de participação das lutas sociais. Mas precisamos sair do burocratismo como forma de esquivar o direito de participação efetiva da população”, declarou.

Na abertura do painel, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, apresentou o Plano de Favelas da Arquidiocese e disse que “é possível a construção de uma nova sociedade que coloque a pessoa humana como principal objetivo e centro do desenvolvimento”. O secretário estadual de Urbanismo, Vicente Loureiro, informou que já foram investidos mais de R$ 3 bilhões nos territórios pacificados, com a implantação de projetos sociais e equipamentos como postos de saúde e creches.

O diretor da área de Infraestrutura Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guilherme Narciso de Lacerda, ressaltou que o banco é parceiro das iniciativas que gerem oportunidades nas favelas. “O S [social] do BNDES é para valer. A nossa atuação é fazer com [a comunidade] e não fazer para a comunidade”. De acordo com ele, o banco tem R$ 1 bilhão para financiar o microcrédito.

 

Edição: Aécio Amado

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