Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Na primeira entrevista coletiva como diretor-geral eleito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, disse ontem (8) que sua vitória representa o crescimento da participação da América Latina no comércio internacional e nas negociações multilaterais. Primeiro brasileiro e latino-americano no comando do órgão, Azevêdo acrescentou que sua preocupação é com a “paralisia” da OMC. Ele se referiu indiretamente à estagnação na Rodada Doha, sobre a liberalização de mercados.
“[A América Latina] é uma região cada vez mais influente no comércio mundial, cada vez mais ativa nas negociações e acredito que, simplesmente, [a nomeação] é uma consequência natural desta crescente participação no comércio e nas negociações”, disse Azevêdo. “Não se trata do que o sistema [multilateral de comércio] tem dado à América Latina, mas sim do que a América Latina tem dado ao sistema.”
Para o novo diretor-geral, é urgente o esforço para avançar na OMC. “A única maneira de olhar o futuro será sentar a uma mesa, juntos, com o objetivo de encontrar soluções e avançar”, destacou, referindo-se à Rodada Doha - cujas negociações começaram no início dos anos 2000, com o objetivo de construir um amplo acordo de liberalização do comércio. As negociações, no entanto, não apresentam resultados há cerca de dez anos.
Segundo Azevêdo, o fato de ter obtido não só a maioria dos votos – o cálculo é que tenham sido 93 em um total de 159 - , mas também o apoio de países em todos os continentes, favorecerá futuras negociações. “Foi uma eleição por grande maioria de membros, localizados em todos os continentes que querem ajudar a construir as pontes necessárias para avançar com as negociações”.
O brasileiro assumirá o mandato por quatro anos em substituição ao francês Pascal Lamy, cuja gestão termina dia 31 de agosto. Efetivamente, Azevêdo assume no dia 1º de setembro. Diplomata de carreira, Roberto Azevêdo, de 55 anos, venceu anteontem (7) a eleição para o cargo de diretor-geral que disputava com o mexicano Herminio Blanco, de 62 anos. Azevêdo e Blanco foram os candidatos que chegaram à última etapa da disputa, que começou com nove nomes e passou por três fases.
O embaixador está diretamente envolvido em assuntos econômicos e comerciais há mais de 20 anos. Foi chefe do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores (de 2005 a 2006) e liderou a delegação brasileira nas negociações da Rodada Doha da OMC.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa
Edição: Graça Adjuto
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