Atualizada - Caxias começa a demolir casas irregulares em terreno contaminado por pesticida

09/05/2013 - 17h03

Vinicius Lisboa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A prefeitura de Duque de Caxias começou hoje (9) a demolir casas construídas irregularmente na Cidade dos Meninos, terreno da União que está contaminado pelo pesticida BHC, popularmente conhecido como pó de broca. Inicialmente, apenas as casas não ocupadas serão demolidas. As pessoas que vivem atualmente no local serão cadastradas e permanecerão nas casas até que novas moradias fiquem prontas.

O prefeito Alexandre Cardoso estima que 750 famílias estejam morando ou construindo no terreno, algumas delas com criação de gado e cavalos.

Na área mais povoada, vivem cerca de 150 famílias, que moram há oito meses no local, e há  400 casas em construção. Os moradores serão transferidos para um conjunto do Programa Minha Casa, Minha Vida no bairro de Nossa Senhora do Carmo. As primeiras moradias devem ser entregues em junho, mas só poderá recebê-las quem tiver renda até três salários mínimos.

A prefeitura e o governo federal estão estudando formas de descontaminar o terreno, que tem 19 milhões de metros quadrados. Na década de 1960, o governo produziu pesticidas em pavilhões do complexo, que se chamava Cidade dos Meninos por ter abrigado um orfanato.

A operação foi feita com apoio da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Assistência Social, responsável pelos cadastros. Com a chegada dos policiais, alguns moradores se desesperaram acreditando que seriam retirados das casas hoje (9). O clima só se acalmou quando o prefeito Alexandre Cardoso prometeu que quem já estava morando na ocupação não sairia até receber a nova moradia. O prefeito disse que, no próximo sábado (11), quatro ônibus levarão os moradores para conhecerem o conjunto do Minha Casa, Minha Vida onde vão morar.

Denise Rodrigues, de 54 anos, estava construindo uma casa no terreno e terá que cancelar a obra. "Eu gastei R$ 3,5 mil aqui. Pode parecer pouco, mas para o pobre é muita coisa. A gente dormiu no sereno aqui para garantir esse terreno", reclamava, antes de saber que ganharia uma casa.

João Márcio Nogueira da Silva, de 30 anos, já tinha instalado piso na casa e pintado as paredes internas, mas também terá que se mudar com a família, que inclui o pequeno João Gabriel, de apenas três dias. Apesar dos alertas de que a área era contaminada, ele consome água de um poço artesiano. "A parte contaminada fica a 6 quilômetros daqui. Aqui não é".

Cícero Magalhães, coordenador do Núcleo do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, garante que o local precisará passar por uma descontaminação. Três formas estão sendo estudadas: incineração, bioremediação e encapsulamento. A alternativa será conhecida pelo prefeito em viagem a Bilbao, na Espanha, onde uma área contaminada foi isolada por 120 anos.
 
"É uma área que pode produzir doenças e não pode ter gente morando. Esse é um trabalho que tem um papel educativo", disse o prefeito.

Edição: Juliana Andrade

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