Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- Focado no mercado orgânico e sustentável, o evento Green Rio começou hoje (8) no Jardim Botânico, com estandes de grandes e pequenas empresas atuantes nesse segmento e painéis de discussão sobre temas ligados à sustentabilidade.
Na abertura, que contou com representantes do governo federal, a organizadora do evento, Maria Beatriz Costa, diretora da empresa Planeta Orgânico, destacou o crescimento do evento. "Estamos vendo que está crescendo o interesse pelo assunto, por parte do governo, que está mais presente, e por parte das empresas". Ela contou que a feira recebeu 600 inscrições, 50% mais que no ano passado. O número de reuniões de negócio também aumentou, passando de 100 para 120.
Primeira expositora, a atual presidenta do Jardim Botânico, Samyra Crespo, empossada na segunda-feira (6), falou ainda na condição de secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, cargo que ocupava quando aceitou o convite. Ela enfatizou as ações previstas no Plano Nacional de Produção e Consumo Sustentável, que prioriza, até 2014, a inclusão da agenda sustentável na administração pública, aumentando o consumo e o planejamento de projetos sustentáveis em órgãos públicos.
Samyra defendeu as compras públicas como forma de impulsionar o mercado de orgânicos e produtos sustentáveis, já que as compras governamentais equivalem a 17% do Produto Interno Bruto (PIB, - a soma de bens e serviços produzidos no país). A representante do Ministério do Meio Ambiente também destacou que a adesão da população às iniciativas sustentáveis deve ser um esforço de persuasão: "Não podemos legislar sobre o que as pessoas fazem dentro de casa. Está lançado o desafio do convencimento".
Dentre os expositores estão a maior rede varejista do país, o Grupo Pão de Açúcar, e pequenas propriedades da região serrana do Rio, como o Sítio do Moinho, em Petrópolis, que tem 80 funcionários e faz entregas de hortaliças na capital e de importados em todo o país. Além de produzir hortaliças e pães na propriedade, o sítio importa maçãs, bebidas a base de arroz e farinha da Itália, além de azeite e da calda de agave, produzida a partir de um cacto do México para substituir o açúcar.
Apesar de os alimentos dominarem a exposição, a feira também oferece artigos sustentáveis de estética, por exemplo. O estande da loja virtual Beleza Orgânica oferece hidratantes, desodorantes, cremes anti-idade, batons, maquiagem e outros tipos de cosméticos, a maioria produzida no interior de São Paulo, no Sul do País ou no Pará.
Renata Esteves, que começou com um blog há dois anos e hoje já faz entregas em todo o país e tem mais de 4 mil fãs no Facebook, conta que a facilidade de acesso aos outros tipos de produtos dificulta o avanço dos orgânicos. Outro empecilho é a imagem de que o que é orgânico é mais caro: "As pessoas têm essa imagem dos alimentos orgânicos serem mais caros, por causa das dificuldades de distribuição, mas não é o caso dos cosméticos. Os preços deles estão numa faixa intermediária. Não são os mais baratos, mas também estão muito mais em conta que os mais caros, com a vantagem de que não fazem mal a saúde".
Rubens Gomes, da Oficina Escola de Lutheria da Amazônia, disse que seus produtos não custam mais caro apesar dos benefícios socioambientais. No estande da Oela, bandolins, violas e violões de madeira certificada chamavam a atenção pela beleza e pelo preço: "Nosso bandolim custa R$ 1,8 mil, e um da mesma qualidade não sai por menos que R$ 3,5 mil". Além de levarem madeira certificada, os instrumentos são produzidos por ex-alunos formados na oficina, instalada na periferia de Manaus.
Edição: Tereza Barbosa
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