Assembleia venezuelana cria comissão para investigar crimes ocorridos depois das eleições

25/04/2013 - 0h45

Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC

Bogotá - A Assembleia Nacional Venezuela (AN) criou hoje (24) uma comissão para investigar responsabilidades nos crimes cometidos na segunda-feira após as eleições presidenciais (15), durante os protestos liderados pelo candidato oposicionista derrotado, o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles.  

A comissão é formada por deputados que compõem a base do governo no Parlamento do país. “Vamos investigar as agressões fascistas da direita reacionária, dirigidas por Henrique Capriles, contra o povo venezuelano”, disse o deputado Pedro Carreño.

Segundo um balanço divulgado hoje pelo governo venezuelano, ao todo nove pessoas morreram e 78 pessoas ficaram feridas durante os protestos no país, em que eleitores da oposição pediam a recontagem dos votos, após a vitória com vantagem pequena obtida pelo presidente Nicolás Maduro, nas eleições do dia 14 de abril.

De acordo com Carreño, os incidentes violentos serão investigados e enviados ao Ministério Público.  Logo após o anúncio da vitória de Maduro, Capriles convocou seus eleitores a protestarem com um “panelaço” (cacelorazo). Durante as manifestações iniciadas na tarde do dia seguinte às eleições, no último dia 15, houve enfrentamentos entre manifestantes e a polícia do país.

Governo e oposição trocam acusações sobre a autoria de incidentes, como incêndios em prédios do Partido Socialista Unido de Venezuela (Psuv) e ataques a centros de saúde.

Além de decidir investigar Capriles, o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, disse que as eleições não serão repetidas, como tem sugerido o oposicionista. “Na Venezuela, haverá repetição de eleições presidenciais em 2019”, ironizou.

Após a formação da comissão, o governador oposicionista convocou uma entrevista coletiva no início da noite e acusou o governo de ter “fraudado” o processo eleitoral. “A verdade, do tamanho do nosso país, é que vocês roubaram as eleições. Essa é a verdade e vocês terão que explicar isso ao país e ao mundo”.

Capriles questionou a formação da comissão para investigá-lo e pediu que o Conselho Nacional Eleitoral inicie a auditoria nas urnas que não foram verificadas (46%).  “Esperaremos até amanhã pela auditoria e não aceitaremos um processo chinfrin [superficial]. Não deixaremos que vocês brinquem conosco”, atacou.

Capriles também destacou que a auditoria exigida pela oposição contempla a revisão de todos os instrumentos de votação, incluindo as listas com os nomes do eleitores que votaram. O Poder Eleitoral venezuelano informou na última segunda-feira (22) que a auditoria nas urnas eletrônicas não alterará o resultado das eleições.

O presidente Nicolás Maduro já tomou as primeiras medidas como presidente. Escolheu seu gabinete no domingo e anunciou medidas econômicas e para o setor elétrico do país.

*Com informações da Multiestatal Telesur

Edição: Lana Cristina