Negociador do governo com as Farc pede fim de "guerra verbal" contra o processo de paz

18/04/2013 - 22h04

Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC

Bogotá - Após quase um mês de recesso, os negociadores de paz do governo colombiano e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) voltam à mesa de negociações na próxima terça-feira (23), em Cuba, para tentar terminar a discussão do tema agrário, o primeiro item da agenda em debate desde novembro do ano passado.

O negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, pediu hoje (18) que setores contrários ao fechamento de um acordo de paz, deixem de criticar o processo. "Temos que ser capazes de resolver, em democracia, essas diferenças", declarou durante reunião com membros do Partido Liberal, um dos principais aliados do governo de Juan Manuel Santos.

O governo vem sendo atacado por alguns políticos, incluindo os ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana, que fazem críticas ao formato e ao teor das negociações. Além disso, setores do Judiciário acreditam que o marco jurídico para a paz, aprovado no ano passado poderia favorecer a impunidade.

Humberto de la Calle ressaltou que há vários pensamentos em "guerra", uma referência a pessoas contrárias ao diálogo com as Farc. Segundo ele, existe também quem, diante do dilema da Justiça transicional (possibilidade de redução de penas e perdão), tema que ocorra maior impunidade e quem queira, em maior ou menor grau, mais severidade. De acordo com o negociador do governo, todas as ideias são válidas. "Temos que entender a discussão e assumí-la com tolerância", disse.

Em contraponto às críticas, o processo de paz recebeu uma demonstração de apoio da sociedade civil durante a Marcha em Favor da Paz, ocorrida no dúltimo 9 de abril.

Humberto de la Calle ressaltou que não se pode permitir que o processo fracasse. "Nossos filhos e netos não poderiam nos perdoar se, por ventura, chegássemos a um acordo de paz com as Farc e, fora da mesa de negociação, as possibilidades de paz fossem destruídas", destacou.

O processo de paz vem recebendo apoio também da comunidade internacional, como a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), União Europeia e Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje (18), um grupo de congressistas norte-americanos entregou ao secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, uma carta de apoio às negociações de paz.

 

Edição: Aécio Amado

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