Secretário de Segurança Pública diz que tomaria hoje mesma atitude que tomou no caso Carandiru

16/04/2013 - 18h48

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A quinta testemunha de defesa ouvida hoje (16), no segundo dia de julgamento do caso Carandiru, foi o então secretário de Segurança Pública na época, Pedro Franco de Campos. Em seu depoimento, Campos disse que, no dia do massacre, 2 de outubro de 1992, foi informado pelo assessor para Assuntos Penitenciários da secretaria, Antonio Filardi, sobre uma rebelião no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru que estava se agravando.

"A informação que eu tinha é de que havia uma preocupação muito grande de a rebelião no Pavilhão 9 [que abrigava presos menos perigosos] passar para o Pavilhão 8 [local onde estavam os detentos considerados mais perigosos]", disse.

Informado sobre a rebelião, o secretário disse ter deixado a decisão sobre qual seria a atuação da Polícia Militar (PM) no episódio para o então comandante da PM, coronel Ubiratan Guimarães. Segundo o secretário, Ubiratan lhe informou que a situação no local era grave e que seria necessária a entrada da polícia. “Se necessária a entrada, disse a ele, a entrada está autorizada”, disse o ex-secretário, em depoimento.

Campos contou que, nos dias de hoje, considerando-se as mesmas condições do que ocorreu no Carandiru, teria tomado a mesma atitude (que tomou na ocasião). "Na mesma situação, teria o mesmo procedimento", disse. Alguns dias após o massacre do Carandiru, o secretário pediu demissão do cargo e foi então substituído por Michel Temer.

O julgamento do Massacre do Carandiru apura as responsabilidades pela morte de 111 detentos no Pavilhão 9 da casa de detenção. Nesta primeira etapa do julgamento, 26 policiais são julgados pela morte de 15 presos no segundo pavimento do Pavilhão 9.

O último depoimento de hoje foi o da magistrada Sueli Veraik Armani de Menezes. Ela foi arrolada pelos advogados de defesa. A magistrada disse que não esteve no local durante os acontecimentos e que não teve participação nenhuma com o fato. “Só soube do que aconteceu pela imprensa”, contou. Em depoimento, a magistrada, atualmente juíza de Direito da região de Taubaté, respondeu a perguntas, feitas pela advogada de defesa Ieda Ribeiro de Souza, relacionadas a rebeliões atuais em presídios.

O julgamento foi suspenso para intervalo.

 

Edição: Carolina Pimentel

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