Antiga Colônia de Curupaiti é contraste entre atendimento modelo e abandono

31/03/2013 - 18h45

Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – De um lado, um pavilhão todo reformado, bem iluminado, com amplas janelas e mobiliário e quartos individuais com até 12 pacientes em estado grave. Do outro, um prédio de três andares abandonado ainda abriga, em condições precárias, 17 pessoas. O contraste ocorre na antiga Colônia Curupaiti, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, espaço criado em 1929 em que recebia e isolava pessoas com hanseníase do convívio social.

Morador do Pavilhão Jesuíno Albuquerque, o homem que se identificou apenas como Francisco diz que vive no lugar há 20 anos, por não ser aceito pela família por causa da doença. Ele denuncia as condições desumanas em que se encontra. “A comida é colocada dentro do banheiro para nós comermos, o banheiro de baixo está em total ruína, tudo quebrado. O benefício que temos direito eles se negam a repassar, dizem que não tem verba. Não posso melhorar meu quarto porque eles não me dão renda nenhuma”.

Como foi morar em Curupaiti nos anos 90, Francisco diz que não teve direito à indenização prevista pela Lei 11.520, de 18 de setembro de 2007, que prevê a reparação aos internados compulsoriamente até 31 de dezembro de 1986. “Nós vivemos assim, sem renda e em um pavilhão. Então, nosso destino é viver e morrer aqui dentro mesmo”, lamenta. A lei também prevê uma pensão vitalícia e intransferível para os antigos albergados.

Por outro lado, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) conseguiu levantar verba, graças a um show de apoio do cantor Ney Matogrosso há três anos, para reformar o Pavilhão Jorge Rabelo. O coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, explica que o prédio também estava em condições precárias.

“A gente pegou o pior de todos para reformar, era um pavilhão antigo, todo abertão, pé direito alto, com um monte de leitos jogados. A enfermaria ficava lá no final, não conseguia atender aos pacientes direito. Agora, a enfermagem veio para o meio, fica mais alta, então dá para ver tudo. O Morhan fez a obra, custou R$ 700 mil com tudo, mobiliário, tem TV nos quartos. Aqui é mais uma enfermaria mesmo, mas a gente mostrou que dá para humanizar um pouco”. O pavilhão conta com 12 leitos e atualmente tem10 pessoas.

A Secretaria de Estado de Saúde informa que é responsável pela área hospitalar do Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária, que fica no local, e pela área externa de todo o complexo. “Foram iniciadas em março, obras de saneamento básico na área comunitária do hospital. Os investimentos em infraestrutura e manutenção dos pavilhões também já tiveram início. As reformas seguem uma prioridade por locais que tenham assistência aos deficientes e idosos”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa do órgão.

 

Edição: Carolina Pimentel

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