Diretor do BC diz que convergência da inflação para o centro da meta este ano é cenário irrealista

28/03/2013 - 15h12

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A convergência da inflação para o centro da meta, 4,5%, este ano é um “cenário irrealista”, destacou o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, ao apresentar o Relatório de Inflação, hoje (28).

“Sobre 2014, acredito que muita coisa ainda possa ser feita para garantir que a convergência ocorra”, acrescentou o diretor.

Questionado se o BC falhou ao não conseguir trazer a inflação para o centro da meta, o diretor disse que a instituição “procura sempre fazer o melhor”.

No relatório, o BC informou que a projeção para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), este ano, é 5,7%. Para 2014, a estimativa é que a inflação fique em 5,3%. Essas estimativas são do cenário de referência, feito com base na taxa básica de juros, a Selic, no atual patamar (7,25% ao ano) e dólar a R$ 1,95.

O BC também divulga estimativas do cenário de mercado, em que são utilizadas projeções de analistas de instituições financeiras para a taxa Selic e câmbio. Nesse caso, a estimativa para a inflação, este ano, é 5,8% e para próximo ano, 5,1%.

O diretor acrescentou que o nível de preocupação do BC com a inflação é sempre alto. “Uma das coisas que temos que fazer aqui é assegurar o poder de compra da moeda. Atualmente, talvez [a preocupação] esteja mais alta ainda, tendo em vista que a inflação está alta”, disse.

Araújo acrescentou que a inflação de alimentos tem sido bastante elevada nos últimos 12 meses, mas a tendência é moderação nos preços. Segundo o diretor, outro fator que influenciou a inflação no ano passado foi a perspectiva de instituições do mercado de financeiro de que a taxa de câmbio iria chegar a R$ 2,50. “Ou seja, o céu seria o limite”, disse. De acordo com ele, esse perspectiva de alta do dólar foi repassada para os preços.

Para este ano, a expectativa do BC é que não haja muitas oscilações na taxa de câmbio. “Trabalhamos com cenário em que a taxa de câmbio seja nos próximos 24 meses menos volátil”, destacou.

Edição: Juliana Andrade

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