Programa Mesa Brasil Sesc se filia à Rede Global de Bancos de Alimentos

13/03/2013 - 18h24

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O programa Mesa Brasil Sesc, de combate ao desperdício de alimentos, desenvolvido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), vai se filiar à Rede Global de Bancos de Alimentos (Global Food Banking Network), representando o Brasil. A coordenadora nacional do Mesa Brasil, Claudia Roseno, disse hoje (13) à Agência Brasil que o processo de filiação está em fase de conclusão. A expectativa é que o comunicado oficial seja divulgado até o mês de abril.

O programa foi o único representante brasileiro presente na Conferência Anual de Bancos de Alimentos, ocorrida na semana passada em Houston, nos Estados Unidos. O evento reuniu 32 países, englobando nações que integram ou não a rede mundial de bancos de alimentos. O objetivo foi discutir as ações de sucesso, trocar experiências nos aspectos nutricional e de pesquisas, avaliar os impactos dos programas e, também, a captação de recursos, compartilhando conhecimentos que combatam à fome e reduzam o desperdício de alimentos.

O trabalho desenvolvido pelo Mesa Brasil Sesc, que tem atualmente 82 unidades em todos os estados do Brasil, com um total de 3.079 empresas doadoras, motivou o convite para participação no evento internacional. Claudia Roseno informou que o objetivo da entidade global foi “apontar para as empresas que são parceiras do GFBN em outros países a possibilidade de investimento no Brasil. Porque, segundo eles, muitas empresas buscam a entidade com o propósito de investir na área social”.

Claudia Roseno destacou a importância que a filiação do programa contra o desperdício de alimentos do Sesc representa para o país. “Tem a perspectiva de trazer novos parceiros doadores, empresas multinacionais que querem investir na área social no Brasil”. Ela acredita que a filiação vai propiciar a divulgação da rede de bancos de alimentos do Mesa Brasil, “como um trabalho transparente que atinge todos os estados brasileiros”.

Segundo a pesquisa World Menu Report, divulgada na conferência, o Brasil desperdiça 64% de tudo que é produzido, embora seja um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Claudia Roseno confirmou que o número é bem próximo da realidade do país. “Só o desperdício doméstico é em torno de 20%”.

A pessoa compra no mercado e leva para casa para consumir, mas boa parte do que adquire é jogada fora devido a fatores variados. Entre eles, Claudia elencou a perda de validade do alimento, preparo e não consumo ou utilização inadequada do produto. A coordenadora do Mesa Brasil Sesc comentou que está ocorrendo no Brasil um movimento de governo para que se faça uma pesquisa atualizada sobre os números do desperdício.

O Mesa Brasil Sesc doou cerca de 41 milhões de quilos de alimentos no ano passado, contabilizando 5.570 entidades assistidas. As empresas parceiras doam alimentos e material de higiene e limpeza. O programa não recebe doações em dinheiro.

A meta para 2013 é aumentar as doações para 42,7 milhões de quilos de alimentos. “Não é uma meta tão ousada, porque a gente tem a possibilidade de crescer mais à medida que eleva o número de unidades”, avaliou a coordenadora nacional. Ao longo deste ano, o número de unidades do Mesa Brasil será ampliado de 82 para 84, com a implantação de uma nova unidade em São Paulo e outra no interior de Minas Gerais. “Por isso, a gente não propõe uma meta muito maior”.

Ao final de cada período, o programa emite um relatório para as empresas doadoras. Isso permite que elas revejam seus processos de produção e reinvistam o capital que antes era desperdiçado. “O importante, ressaltou Claudia, é que a gente aproveite esse alimento e desperdice cada vez menos”. Ela reiterou que as metas quantitativas do programa são conservadoras para não estimular cada vez mais o desperdício.“E sim buscar outras cidades, outros nichos de trabalho, em que a gente não tenha desenvolvido ainda um trabalho de conscientização e de reaproveitamento dos alimentos”, disse.

O programa oferece, além de alimento, ações educativas. “O programa orienta as instituições sobre como aproveitar e maximizar os alimentos em sua totalidade, aproveitando integralmente cascas, sementes, aumentando a vida útil, orientando como armazenar, como guardar e, se a instituição recebe uma grande quantidade, o que pode transformar para aumentar o tempo de utilização”.

O programa conta ainda com assistentes sociais que trabalham o fortalecimento institucional e organizacional das entidades, ensinando como buscar investimentos, “de forma que ela possa crescer e, quem sabe, caminhar com suas próprias pernas, buscando outros parceiros, e sair um pouco da condição de dependência”, ressaltou.

Claudia assegurou que o programa “não quer ficar ad eternum, doando para essa instituição. Ela quer dar o peixe, sim, mas quer também ensinar essa instituição a pescar, para que ela possa buscar um universo melhor e menos cruel nessa carência em que está”. O programa tem um raio de abrangência de cerca de 400 cidades.

 

Edição: Aécio Amado

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