Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A decisão da Federação Internacional de Futebol (Fifa) de tornar os estádios livres da fumaça de cigarros e outros produtos derivados do tabaco durante os jogos da Copa das Confederações, que começa em junho, e das partidas da Copa do Mundo de 2014 foi considerada “excepcional” pelo diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), Luiz Antonio Santini.
A instituição já havia feito essa solicitação à Fifa em nome da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro (Conicq), que é o acordo para o controle do tabaco e a proteção das pessoas dos efeitos nocivos do tabagismo passivo. “Felizmente, a Fifa adotou essa posição, que é muito importante”, disse Santini à Agência Brasil.
Ele considera a medida essencial para proteger as pessoas que comparecerão aos jogos do incômodo da fumaça do cigarro e também do risco de doenças como o câncer e as cardiovasculares. “E, em segundo lugar, por divulgar a importante recomendação, no caso do Brasil, da legislação que proíbe o fumo em ambientes fechados, estendendo a medida para ambientes semiabertos nos estádios mas que, de qualquer maneira, são altamente próximos às pessoas que estarão sujeitas à inalação involuntária da fumaça”.
Santini lamentou o crescimento de novos casos de câncer de pulmão no Brasil, principalmente entre as mulheres, bem como o aumento da mortalidade pela doença no sexo feminino, ao contrário do que vem ocorrendo entre os homens. “A mortalidade já começa a diminuir entre os homens e a incidência também. Mas nas mulheres ainda está aumentando, porque elas começaram a fumar mais tarde, a partir basicamente dos anos 1940 e 1950, e os resultados começam a aparecer agora com as doenças crônicas cardiovasculares, o enfisema pulmonar e o câncer”.
O Inca pretende se empenhar para que a proibição do fumo se estenda também a outras competições esportivas, como os Jogos Olímpicos, que serão realizados no Rio em 2016. “Eu acho que essa iniciativa da Fifa abre caminho para uma série de outras que devem e podem ser feitas, e certamente serão”, disse Santini.
Ele assegurou que hoje já existe uma consciência mundial a respeito dos malefícios do fumo. A própria Organização Mundial da Saúde chama a atenção para isso. O Ministério da Saúde, por intermédio do Inca, faz esse alerta de forma permanente, lembrou o diretor. As políticas públicas de controle do tabagismo já mostram resultados positivos. “A prevalência de fumantes na população brasileira já caiu de 47% para 17%”.
Apesar disso, Santini observou que 17% da população correspondem a 25 milhões de brasileiros fumantes. “Isso corresponde a mais que a população de vários países. Então, o desafio ainda é muito grande”.
O cigarro é um dos piores vícios existentes e um dos mais difíceis de serem abandonados, disse o diretor. Ele lembrou, entretanto, que o programa do Ministério da Saúde para fumantes é desenvolvido em postos de saúde de todo o país, com medicamento e terapia comportamental, “fazendo não só a prevenção ao fumo, como o tratamento do fumante”.
Edição: Graça Adjuto
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