Contag vai priorizar luta por mudanças no modelo agrícola do país

05/03/2013 - 17h41

Lourenço Melo
Repórte da Agência Brasil

Brasília - Um novo modelo para a agricultura e o agronegócio deverá ser o foco, nos próximos anos, das mobilizações da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) para sensibilizar o governo e a sociedade, segundo o presidente da entidade, Alberto Broch.  

As propostas fazem parte do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (Padrss), que vem sendo trabalhado há dez anos pela Contag, e que tem como objetivo "quebrar a tendência seguida no país, há cinco séculos, de vinculação da produção ao agronegócio e ao latifúndio".

Alberto Broch  participa em Brasília do 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR), que, ao final do dia, deverá receber a presidenta Dilma Rousseff. Em entrevista à Agência Brasil, ele disse que os trabalhadores querem "ganhar o Estado brasileiro, de forma que conte com mais recursos para seus projetos”. O dirigente também argumentou que “o agricultor precisa  caminhar com as próprias pernas".

De acordo com Broch, são necessárias "mudanças também nos sistemas políticos e no trato com o capital, e uma ampla reforma agrária". Para ele, se houver mais acesso à terra crescerá a quantidade de famílias que produzem alimentos e a agricultura familiar estará mais fortalecida, com mudanças na área do crédito e no modelo de comercialização.

A Contag defende tambem a mudança dos atuais  modelos  na área do crédito bancário e na assistência técnica. Para a entidade, a Embrapa poderia produzir conhecimentos no âmbito de uma nova mentalidade  tecnológica, passando do paradigma agroquímico, atualmente praticado, para o agroecológico.

Para Alberto Broch, com a mudança, "iria sendo construído um dia a dia diferente na produção agrícola no país, mas com mudanças sempre passíveis de alterações e adaptações", levando em conta as especificidades do país em relação ao clima e ao seu território.  

O plano da Contag  não tem prazo para ser concluído, esclarece Alberto Broch, pois "envolve alterações muito profundas”, inclusive na área sindical, que segundo opina, precisa ser mais forte e representativa. Ele defendeu também a ampliação das oportunidades de lazer para o agricultor, que também precisa de  expansão das conexões de banda larga no campo e na educação.

Muitos avanços que o Brasil alcançou na produção agrícola foram copiados, de acordo com Broch, pois o país  se tornou "uma espécie de laboratório para vários países, na América Latina, e entre vizinhos, como o Uruguai, o Paraguai e a Argentina, nos quais a  agricultura familiar brasileira passou a ser discutida". No entanto, segundo ele "nenhum desses países tem uma agricultura patronal, como ocorre no Brasil".  

O presidente da Contag reconhece que o Padrss "é  difícil de ser implementado na sua totalidade, porque depende da dinâmica do governo e contraria muitos interesses econômicos, sociais e políticos". Mesmo assim, se diz otimista, porque "tudo deverá ser conquistado ano a ano, principalmente se as idéias ganharem a simpatia da opinião pública, dos consumidores e contarem com a adesão dos municípios”.

Edição: Davi Oliveira

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